O presente trabalho aborda as transformações da paisagem urbana de Goiânia a partir da constatação do espraiamento e da fragmentação de seu tecido urbano, tendo em vista a atuação dos agentes promotores do espaço. Goiânia, como cidade planejada, tornou-se marco de uma época à frente de seu tempo, por meio da “Marcha para Oeste”, que pretendia incentivar a ocupação do Centro-Oeste. A conjuntura para criação dessa cidade nova revela um projeto político de modernização do Estado de Goiás, alavancada por uma espécie de “colonização” do sertão. No entanto, percebe-se em muito pouco tempo, um “abismo” entre a proposta e o que foi concretizado entre 1940-50, revelando questões para além dos limites da cidade ideal: a cidade real, seus sujeitos e representações sociais. Nesse sentido, por meio dos mapas e das imagens históricas, é possível verificar as tensões entre os documentos e decretos de urbanização, em sua maioria, pautados pelo ideário moderno da época e, por outro, a migração e ocupação de áreas fora do plano inicial. Essa revisitação às fontes históricas primárias permite a elaboração de mapas desses processos, revelando: a) territórios – diferentes tempos e dinâmicas de ocupação do solo; b) fragmentos decorrentes da expansão urbana e configuração de novas centralidades; c) múltiplas paisagens como representações sociais presentes no espaço urbano. Esses aspectos apontam uma revisão e atualização da periodização histórica oficial de Goiânia, complementando-a a partir de uma abordagem histórico-geográfica dessas fontes primárias. Considerou-se a interferência da legislação como mecanismo de controle do uso de solo associado à visão de acumulação de capital para fomentar sua construção, além de avaliar o processo de ocupação ao longo do tempo, perpassando de cidade à metropolização. Dessa discussão observam-se cinco momentos importantes para caracterização da paisagem urbana de uma cidade nova que se converteu à metrópole regional em pouco mais de seis décadas.