Portal de Conferências da UnB, VI Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Tamanho da fonte: 
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, ESTUDOS AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS EM ARQUITETURA E URBANISMO
FABIO MACEDO VELAME

Última alteração: 2020-08-18

Resumo


A proposta da Sessão Livre ‘’Relações Étnico-Raciais, Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Arquitetura e Urbanismo’’, têm como objetivo promover a construção de um campo de debate, troca de experiências acadêmicas e pesquisas entre universidades brasileiras sobre a problematização, operacionalização e implementação no ensino, pesquisa e extensão das relações étnico-raciais, estudos africanos e afro-brasileiros nos currículos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo na graduação e pós-graduação no Brasil. Esse esforço está em consonância com as Leis 10.639 e 11.640 que tornam obrigatório o ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena, assim como a Resolução n.01/2004 do MEC que traça diretrizes curriculares nacionais para a educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana no ensino básico, fundamental, médio, e, principalmente, no ensino superior no Brasil. Visa ainda avançar na esfera disciplinar da Arquitetura e Urbanismo sobre as questões étnico-raciais, estudos africanos e afro-brasileiros em suas relações com a Arquitetura, Cidade e Urbanismo, notadamente, no que tange ao legado civilizatório dos Africanos no Brasil, ainda lacunar, na formação de arquitetos e urbanistas, na historiografia e teoria da arquitetura, no planejamento de cidades e projetos arquitetônicos. Busca tecer a relação do Negro com a edificação de arquiteturas, territórios e cidades no país, visando traçar a construção de uma agenda nacional que venha a contemplar as relações étnico-raciais, estudos africanos e afro-brasileiros nos currículos dos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil.

Construção essa que passa de forma indissociável com a África, na conexão entre o Brasil e a África, na diáspora negra no Atlântico Negro, em virtude dos processos racializados que atravessam os currículos dos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil. A Sessão Livre busca consolidar e desenvolver o campo disciplinar da Arquitetura e Urbanismo no Brasil nos chamados ‘’Estudos Étnico-Raciais’’, ‟Estudos Africanos‟,‘’Afro-brasileiros’’e‘’Afro-diasporicos’’ trazendo reflexões e debates próprios do campo de estudo das relações étnico-raciais. Os processos de segregações étnico-raciais na produção contemporânea das cidades africanas e brasileiras, a faceta racial do urbanismo atual em desenvolvimento na África e no Brasil. Os processos de formação de bairros negros no Brasil e guetos e zonas de exclusão em África. A perseguição e criminalização das práticas culturais africanas e afro-brasileiras no século XIX e XX em meio urbano, propiciados por projetos de urbanização higienistas, modernizantes, e segregacionistas étnico-raciais nas cidades brasileiras e africanas. O racismo e os movimentos anti-racistas no espaço urbano brasileiro e africano, com o desenvolvimento do racismo institucional nas cidades alimentadas pelo planejamento urbano. Os processos de gentrificações, segregação social-espacial/étnico-racial nas cidades africanas e brasileiras na atualidade. A Sessão Livre busca, ainda, dar visibilidade para a produção das Arquiteturas Afro-brasileiras, produzida pelos negros em processos contínuos afro-diásporicos no Brasil, e as Arquiteturas e Urbanismo em África, que não são tratados nos currículos de graduação e pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, sempre vinculados às referências européias e norte-americanas. Construção de repertório crítico de referenciais arquitetônicos e projetos urbanos em contextos sócio-culturais e étnico-raciais da realidade brasileira dentro de um campo de força de disputas raciais. Descolonização do pensamento com a problematização da relação sul-sul, Brasil-África, com conceitos e princípios distintos dos cânones europeus, notadamente, da relação de colonização e descolonização, buscando rupturas epistemológicas afro-centradas e afro-referenciadas.

Serão apresentados os seguintes trabalhos: Arquiteturas Afro-brasileiras: Um Campo em Construção que abordará uma visão panorâmica das arquiteturas produzidas pelas comunidades negras no Brasil ao longo de 500 anos de opressão: na escravidão, na pós-abolição, e na vida racializada da república e na contemporaneidade; De que lado está a Arquitetura na Luta de Classes e Antirracista? Ensino, Tecnologia, Classe e Raça que tratará da formação e atuação política dos arquitetos e arquitetas na luta de classes anti-racista a partir da problematização da técnica, tido no campo disciplinar da arquitetura como algo neutro; Liberdade e Punição que abordará o apagamento da existência negra do bairro da Liberdade em São Paulo, de seus territórios, construções e lugares onde os negros escravizados construíram a cidade, e, paulatinamente, com a República quando foram sendo expulsos e invizibilizados; o Racismo e Cidade: as práticas de exclusão espacial e social dos povos negros em São Carlos-SP (Brasil) que trará a questão racial nos processos de urbanização das cidades brasileiras com o recorte e objeto de análise o município de São Carlos em São Paulo; A pedra pequena no meio da rua: fragmentos da urbanização Rio de Janeiro que trata a presença de negras e negros no espaço urbano nas cidades brasileiras, com o recorte da área portuária da Cidade do Rio de Janeiro; e a Política de segurança, política urbana e política de mercado: um estudo das UPPs em Salvador que problematizará a questão do racismo no espaço urbano a partir da violência urbana articulada as políticas de segurança e políticas urbanas de mercado, e o direito à cidade negada aos negros.


Palavras-chave


Arquitetura, Cidade, Étnico-Racial

Um cadastro no sistema é obrigatório para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um cadastro.