Os tempos atuais carregam mais perguntas que respostas, sendo, geralmente, respostas superficiais a perguntas complexas. São tempos marcados pela linha de fronteira, abissal, que divide o mundo de lá e o de cá, que divide os costumes, enfraquece as particularidades. Neste sentido, busca-se entender práticas e projetos sociais, concepções teóricas, experimentações projetuais, novos formatos de urbanismo, incluindo ideias que visem olhar para o lado de lá da fronteira. Com o pensamento de Boaventura Sousa Santos e Paulo Freire mantém-se a esperança do olhar igualitário e horizontal entre os lados da linha de fronteira, em que o oprimido, sabendo que é oprimido e portanto não livre, se impõe e busca seu lugar no mundo. O PICO Colectivo é um exemplo venezuelano disso: um coletivo multidisciplinar que vai às periferias de seu país para ouvir e aprender com os moradores e, em conjunto, projetar e construir lugares em locais antes marcados por questões como o medo e a violência.