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INTRODUÇÃO:  A eritroestesia palmar-plantar, também conhecida como síndrome mão-pé (do inglês, hand-foot syndrome, HFS), é uma toxicidade cutânea comum relacionada a agentes convencionais de quimioterapia, como doxorrubicina, citarabina, capecitabina, docetaxel, doxorrubicina encapsulada em lipossomas, 5-fluorouracilo e terapias direcionadas, especialmente inibidores de multiquinase. (WOLF; QIN; S.P. et al, 2010) Apesar dos diferentes tipos de tratamento antineoplásico, quimioterapia ou terapias direcionadas, a HFS possui sinais e sintomas específicos como queimação, formigamento, sensação dolorosa nas palmas e solas e menor tolerância ao contato com objetos ao longo do tempo. (BELLONI, B.; SCHONEWOLF, N.; ROZATI, S. et al., 2012) Os pacientes afetados por HFS sofrem déficits significativos, com impacto severo na qualidade de vida, nos aspectos físicos, sociais e psicológicos. Além disso, HFS pode afetar o tratamento antineoplásico, diminuindo as doses e provocando interrupção no tratamento. (BELUM, VR; WU, S.; LACOUTURE, ME, 2013) (CHANPRAPAPH, K .; RUTNIN, S .; VACHIRAMON, V., 2016) (LACOUTURE, ME; WU, S .; ROBERT, C. et al , 2008) As medidas que aliviam os sintomas são extremamente importantes, mas as medidas preventivas são ideais para reduzir a incidência de HFS. Alguns produtos já foram estudados e estão disponíveis, como tratamentos profiláticos tópicos contendo formulações de ureia (CHANPRAPAPH, K., RUTNIN, S .; VACHIRAMON, V., 2016). As propriedades profiláticas de creme à base de ureia são reconhecidas como propriedades queratolíticas, hidratantes e esfoliantes, que são úteis para a dermatologia em sua ampla variedade de condições (WOLF, S.L .; QIN, R. MENON, S.P. et al, 2010). A eficácia e segurança da ureia no tratamento de doenças da pele têm sido relatadas há mais de um século. Essa substancia possui tais indicações: (1) desbridamento e promoção da cicatrização normal de lesões superficiais hiperqueratósicas, particularmente quando a cura é retardada por infecções locais; (2) condições hiperqueratóticas, como pele seca, áspera, dermatite, psoríase, eczema, queratose e calos; e (3) unhas danificadas, encravada e desvitalizadas" (PAM, 2013). OBJETIVOS:  Por estas razões, a preparação tópica de ureia foi indicada aos pacientes com HFS. No entanto, nenhuma revisão avaliou especificamente o seu uso na prevenção de HFS em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia ou terapia alvo. O objetivo desta revisão sistemática é responder a pergunta: "Em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia ou terapia alvo, a ureia é eficaz na prevenção da síndrome da eritrodisestesia palmar- plantar?" METODOLOGIA:  O relatório desta revisão sistemática adere aos itens de relatórios preferenciais para revisões sistemáticas e lista de verificação de metanálises PRISMA checklist. (PRISMA, 2009) Incluiremos estudos comparativos sobre a eficácia da ureia para prevenir a HFS em pacientes com câncer; Escrito em português, inglês ou espanhol. Excluiremos: 1- estudos que utilizaram ureia apenas para tratar HFS e não para prevenir; 2- estudos que não avaliaram a ureia; 3- estudos que não foram identificados; 4- tipo de estudo ou publicação: estudos observacionais, estudos descritivos, retrospectivo, revisão, série de casos / relatos de casos, estudos de controle de casos, estudos de coorte, resumos de conferências, protocolos de estudo, carta ao editor, opinião pessoal, dissertação, teses e manuais institucionais; 5- estudos que testam a ureia associada a outros compostos na mesma formulação. Os estudos foram identificados usando uma estratégia de pesquisa adaptada para cada banco de dados eletrônico: CINAHL, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), LILACS, PubMed, SCOPUS e Web of Science. A busca manual foi realizada nas listas de referência dos artigos selecionados para quaisquer referências adicionais que possam ter sido perdidas na busca eletrônica. Uma pesquisa de literatura cinza foi realizada usando o Google Escolar. Após a obtenção de todas as referências, as duplicatas foram excluídas usando o software apropriado (EndNoteBasic®, Thomson Reuters, EUA). Todas as buscas de banco de dados eletrônicas foram realizadas em 04 de outubro de 2016. A seleção do estudo foi realizada em duas fases. Na fase 1 dois pesquisadores (T.U.S.M e A.G.M) examinaram de forma independente os títulos e resumos de estudos potencialmente relevantes e artigos selecionados que pareciam atender aos critérios de inclusão com base em seus resumos. Na fase 2 os mesmos revisores leram independentemente o texto completo de todos os artigos selecionados e excluíram os estudos que não atendiam aos critérios de inclusão. Qualquer desentendimento, na primeira ou segunda fase, foi resolvido por discussão e concordância mútua entre os dois revisores. Caso um consenso não pudesse ser alcançado, um terceiro autor (C.I.V.) estava envolvido para tomar uma decisão final. RESULTADOS:  Na primeira fase, foram identificadas 656 referências nas seis bases de dados incluídas CINAHL, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), LILACS, PubMed, SCOPUS, and Web of Science e 104 referências na literatura cinzenta acessada por meio da busca no Google Scholar. Removidas as duplicatas, restaram 446 artigos. Após esta primeira fase de seleção, com base na leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 22 artigos para serem lidos na íntegra, correspondendo à segunda fase de seleção dos estudos. Somente os artigos que respondiam à questão norteadora e preencheram os critérios de elegibilidade foram incluídos, resultando em 3 artigos. Todos os estudos incluídos foram ensaios clínicos randomizados. Todos os estudos avaliaram creme á base de ureia como intervenção profilática em 884 pacientes com câncer. Todos os artigos foram publicados em inglês. Dois dos artigos incluídos (HOFHEINZ, R. D.; GENCER, D.; SCHULZ, H. et al., 2015) e (REN, Z.; ZHU, K.; KANG, H. et al.,2015), analisaram também a qualidade de vida dos pacientes. Todos os estudos usaram creme á base de ureia na concentração de 10%, tendo variado os controles. O período de acompanhamento (follow up) foi 06 semanas (HOFHEINZ, R. D.; GENCER, D.; SCHULZ, H. et al., 2015) e 12 semanas (REN, Z.; ZHU, K.; KANG, H. et al.,2015) e (SHINOHARA, N.; NONOMURA, N.; ETO, M. et al, 2014). Em dois estudos, HFS foi apresentada por pacientes que fizeram uso de Sorafenib (REN, Z.; ZHU, K.; KANG, H. et al.,2015; e SHINOHARA, N.; NONOMURA, N.; ETO, M. et al, 2014) e Capecitamina (HOFHEINZ, R. D.; GENCER, D.; SCHULZ, H. et al., 2015). Globalmente, os estudos mostraram que o uso de creme a base de ureia reduziu a severidade e a incidência da síndrome mão- pé, com um consequente benefício clínico para os pacientes. Em dois estudos, a ureia se apresentou superior aos controles, a saber: best supportive care (REN, Z.; ZHU, K.; KANG, H. et al.,2015) e Mapisal (HOFHEINZ, R. D.; GENCER, D.; SCHULZ, H. et al., 2015), e com ação inferior ao hidrocolóide (SHINOHARA, N.; NONOMURA, N.; ETO, M. et al, 2014). CONCLUSÃO:  Foram identificados três ensaios controlados randomizados sobre o uso de ureia para prevenção de HSF. Juntos, os estudos mostraram que a aplicação profilática de ureia reduziu a incidência de HSF. Outros estudos bem desenvolvidos são necessários para avaliar a eficácia da ureia para HSF em pacientes com câncer submetidos a quimioterapia ou terapia direcionada.

Enfermagem; Oncologia; Quimioterapia; Ureia.