Ao Conselho Universitário da Universidade de Brasília Nós, estudantes do programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília, realizamos esta semana a II Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação e enviamos esta carta com apoio de nosso corpo docente para chamar atenção aos problemas estruturais que afligem a universidade e afetam nosso departamento de maneira direta. A Jornada é uma iniciativa do corpo discente do PPGCom - FAC/UnB, em parceria com professoras/es e a coordenação do Programa. O objetivo do evento foi de estimular o debate e a troca de experiências entre pós-graduandas/os em Comunicação do país e, a partir desta edição, com graduandas/os da área. Ao longo de três dias de evento foram apresentados 70 trabalhos e projetos de pesquisa, além de mesas e palestras com professores do Departamento de Comunicação e de outros departamentos e institutos da UnB. Este ano o evento teve como tema a "Pesquisa em tempo de crise", e seu objetivo foi debater sobre as dificuldades em exercer funções de pesquisa científica de maneira geral e, mais especificamente, em ciências humanas e em ciências sociais aplicadas, em um cenário de crise econômica, social e política após o golpe de 2016, que colaborou para a retirada de recursos financeiros da educação. Os cortes na educação com a Emenda Constitucional 95 trouxeram problemas estruturais e de segurança para o campus. Com a demissão de empregados terceirizados das funções de portaria e vigilância, hoje temos uma redução das atividades desenvolvidas nas dependências da Faculdade de Comunicação e do horário de funcionamento do Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Solicitamos ao Conselho Universitário e à Prefeitura do Campus que avalie esta situação e ofereça soluções para sanar este problema. Além desta questão de recursos humanos devem ser consideradas também soluções para outros problemas graves para o corpo estudantil, como a falta de bolsas para a permanência e dedicação integral de estudantes nos cursos de mestrado e doutorado. Acreditamos também que este pode ser o momento de realizar um amplo debate sobre os reajustes dos valores das bolsas, que estão congelados há anos. Solicitamos também maior alocação de recursos para o financiamento de realização de eventos e para a participação de discentes em eventos nacionais como congressos e seminários. O aumento do valor das refeições no Restaurante Universitário é outro ponto que deve ser debatido, pois impacta de forma negativa estudantes de graduação e pós-graduação e interfere na permanência destes na universidade. Queremos também a abertura de diálogo sobre a reavaliação dos critérios de produtividade da CAPES e sua aplicação para as ciências humanas e sociais aplicadas por considerar que a corrida por produtividade afeta a vida de estudantes devido aos prazos e pressão constantes que podem causar sofrimento psíquico no corpo discente. Sabendo que a universidade atravessa um período de diminuição de recursos e investimento é preciso considerar que os cortes afetam a produção acadêmica e a vida profissional de estudantes e professores e da comunidade acadêmica como um todo. É necessário buscar alternativas neste cenário de crise para contornar os problemas expostos aqui e promover maior qualidade de pesquisa através da melhoria das condições para realização da mesma. Frente a tudo que foi exposto acima, nós, participantes da II Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação solicitamos ao Conselho Universitário da Universidade de Brasília o engajamento desta instituição de ensino, que figura como a 11ª melhor universidade brasileira e a 16ª da América Latina, na luta e defesa da Universidade pública e de qualidade. É preciso que a Universidade de Brasília tenha um posicionamento público e constante sobre a atual conjuntura por qual passa a educação pública brasileira. |
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