Última alteração: 2018-06-10
Resumo
O edital do encontro propõe as seguintes perguntas: “qual História da Arte narram, veiculam e debatem as instituições museológicas? Qual história da arte os museus nos oferecem?” Nesta proposta de comunicação o foco é na Villa Farnesina como fonte de alguns elementos fundamentais da história da arte praticada pelo historiador da arte alemão Aby Warburg. A Villa Farnesina, em Roma, é uma edificação do começo do século XVI e contém ricos afrescos de Rafaello Sanzio (e oficina), Sebastiano del Piombo, Sodoma e Baldassare Peruzzi. Os afrescos feitos por Peruzzi na Loggia di Galatea e na Stanza del Fregio aparecem nas pranchas 40, 41, 53 e 54 do “Atlas Mnemosyne” de Warburg. O argumento desta comunicação é de que estas duas salas podem ter fornecido alguns elementos fundamentais para o pensamento warburguiano, ressaltando o museu como instância que contribui para os fundamentos epistemológicos da história da arte. Sublinha-se aqui: as imagens de temática astrológica de Peruzzi que teriam contribuído para os interesses de Warburg por caminhos não dominantes na perspectiva historiográfica do Renascimento; a intrigante “Cabeça de Jovem”, por anos atribuída erroneamente a Michelangelo, imagem-sintoma que insere um elemento dissonante” no conjunto dos afrescos. Por fim, pode-se ver reunidos na Stanza del Fregio alguns dos temas que mais obsedaram Warburg em suas pesquisas. A Villa Farnesina reúne em seus espaços decorados uma experiência de sensibilidade para o que é dissonante, estranho, aquilo que não encaixa nas narrativas historiográficas produzidas até então sobre o Renascimento.