Portal de Conferências da UnB, V Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação - PPGCom FAC/UnB (2022)

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AFROEMPREENDEDORAS E REPRESENTATIVIDADE: MEANDROS, INTERFACES E MOTIVAÇÕES DE MULHERES NEGRAS NO EMPREENDEDORISMO DIGITAL
Vanessa Rosana Soares da Silva Oliveira

Última alteração: 2022-06-20

Resumo


A presente pesquisa tem como objetivo geral, analisar as motivações do empreendedorismo das mulheres negras no Instagram e como a sua atuação pode contribuir nas mudanças de estereótipo, no combate ao racismo e ao preconceito para com as afrodescendentes.

O método utilizado será o qualitativo. O levantamento e a coleta de dados serão realizados por meio de observação direta, com entrevista, além de levantamento e análise de relatórios e materiais coletados junto as entrevistadas.

De acordo com Lélia Gonzalez (1982, p. 105), a sociedade não-negra possui uma imagem estereotipada das pessoas negras, ou seja, no que se trata da vida profissional e dos papeis sociais. No imaginário delas, os negros só podem ser cantores ou compositores, jogadores de futebol e mulatas. Tudo que fuja a esse tipo de atividade profissional, não é aceitável, tendo o negro uma condição de invisibilidade.

Para Darcy Ribeiro (2015, p. 166), isso vem desde a formação da sociedade brasileira, sendo a luta mais desafiadora e ao mesmo tempo cruel, aquela em que os negros tentam fazer entender que também possuem direitos na conquista de espaços profissionais e pessoais.

Essa ideia é reforçada pela escritora Djamila Ribeiro, que amplia ainda mais a análise, pois faz um recorte detalhado sobre a situação da mulher negra, que padece ainda mais.

O racismo cria uma hierarquia de gênero que coloca a mulher negra em uma situação de maior vulnerabilidade social. Não sofremos de forma igual. A violência e a invisibilidade atingem de forma mais grave quem combina mais de uma opressão. E hoje, há um interesse maior por esses assuntos, por essas pautas (2017, p. 133)

Nascimento (2018), por sua vez, analisa o afroempreendedorismo enquanto estratégia de inclusão socioeconômica. Assim, a proposta de sua pesquisa é analisar e traçar o perfil socioeconômico e cultura do grupo, suas motivações para empreender e o significado atribuído a essa inserção no trabalho. A pesquisa parte de uma natureza exploratória, em que a autora apresenta o tema de sua pesquisa de mestrado, levantando as hipóteses, metodologia e a base teórica que auxiliou a reflexão do objeto proposto.

A proposta metodológica da pesquisa consiste em analisar o   perfil socioeconômico e cultural do grupo dos afroempreendedores, além de refletir sobre as motivações desses sujeitos para empreender e o significado atribuído a essa modalidade de inserção no trabalho. Sobre esse assunto, já existem pesquisas que me orientam no estudo e servem   como   base   de   informações, em   especial, cito   a   pesquisa   por Amostragem do “Projeto Brasil Afroempreendedor” realizado pelo Instituto Adolpho Bauer em 2013, porque este estudo me inspiro a investigar os afroempreendedores do estado do Espírito Santo (que não participou da pesquisa) (NASCIMENTO, 2018, p. 3).

Com isso, entende-se que pesquisar, conhecer, compreender e analisar criticamente a estrutura que inibe a ascensão de mulheres negras ao empreendedorismo enquanto empreendedoras, apontando as dificuldades e impasses vivenciados por estas, é um caminho necessário na evidente busca por transformar este quadro. Para tanto, é indispensável também compreender a estrutura socioeconômica da sociedade, que impõe inúmeras barreiras aos grupos social e economicamente desfavorecidos, censurando as possibilidades de empreendimento, especialmente, das mulheres negras.

 

Palavras-chave: Mulheres negras; Afroempreendedorismo; Instagram; Mídias Digitais.

Referências

GONZALEZ, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje: Anos, 1984, p.223-244. Editora Marco Zero, 1982.

 

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1982.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Editora Global, 2015.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Coleção Feminismos Plurais. Belo Horizonte (MG): Editora Letramento, 2017.

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

 

 

 

 


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