Última alteração: 2022-06-20
Resumo
As plataformas estão cada vez mais presentes nos aspectos das nossas vidas como transporte, saúde, educação e até mesmo no campo do jornalismo (VAN DIJCK, 2019). Estudo recente do Reuters Institute, mostrou que, em 2021, no Brasil, 63% das pessoas que têm acesso à internet se informam por meio de plataformas como Instagram, Facebook, Twitter, entre outras (REUTERS INSTITUTE, 2021). No Distrito Federal, pesquisa realizada pelo veículo de comunicação Metrópoles em parceria com o Instituto Ideia, em 2022, revelou que os brasilienses também se informam mais pelas plataformas do que por veículos tradicionais como jornais impressos, rádio e televisão (METRÓPOLES/IDEIA, 2022).
As plataformas se encontram no processo da plataformização que envolve algumas dimensões institucionais como a governança. Ao atuarem por meio de contratos, políticas, termos de serviços e diretrizes as plataformas podem rastrear e usar informações dos públicos e estruturar como os públicos devem agir (POELL, NIEBORG E VAN DIJCK, 2020). Tal governança acontece por meio dos algoritmos que privilegiam dados específicos, moldam conteúdos e serviços e os tornam visíveis ou não para os públicos (POELL, NIEBORG E VAN DIJCK, 2020).
O objetivo deste trabalho é investigar elementos que indicam atos de governança da plataforma Instagram e do veículo de comunicação Metrópoles (um dos veículos de comunicação digital mais acessados do Brasil e o único representante do Distrito Federal de acordo com Meireles (2021). Fizemos uma análise descritiva analítica dos Termos de Uso do Instagram e do Metrópoles que são direcionados aos públicos. A partir deles, identificamos ações que sugerem: a) como os públicos devem se relacionar entre si; b) o que é permitido e o que não é; c) como e o porquê as informações dos públicos são usadas pela plataforma e pelo veículo em questão; d) o direcionamento de conteúdos aos públicos e a terceiros.
Nosso aporte teórico perpassa pelos estudos de Nieborg e Poell (2018), Van Dijck (2019) e Jurno (2020) para compreender os conceitos de plataformas e plataformização; Saad (2021) para compreender a relação entre plataformização e jornalismo e Pastor e Lemos (2020) e Winques e Longhi (2020) para entender sobre algoritmos e governança.
Observamos que existem disputas de poder entre as plataformas e os veículos de comunicação em relação aos públicos, mas que para o jornalismo “(sobre)viver” nesse ambiente digital regido pelas plataformas, ele tem que se adaptar e seguir as regras que as plataformas exigem, senão não ganham visibilidade, nem lucro.