Última alteração: 2019-06-16
Resumo
Resumo: O artigo lançará um olhar crítico sobre um contexto religioso que, embora esteja dentro de uma “igreja famosa”, não possui holofotes voltados para si. Propõe-se analisar o discurso do referido grupo em uma rede social onde, à luz dos teóricos, explica o que há de simbólico por trás de imagens veiculadas em suas redes.
Palavras-chave: Movimento Cores. Religião. Homossexualidade. Redes Sociais. Identidade.
Este artigo propõe um estudo do Movimento Cores, um grupo evangélico de jovens, criado na cidade de Belo Horizonte (MG) no ano de 2014, pela cúpula de liderança da Igreja Batista da Lagoinha. O que desperta relevância e interesse por tal grupo está em suas especificidades: o nome Movimento Cores é uma referência a homoafetividade, liderado por Priscila Coelho: mulher, pastora, homossexual. O Cores não é como as chamadas “igrejas inclusivas”83 (que quase sempre se resumem a igrejas independentes e de pequeno porte), pois é um braço ministerial de uma igreja “heteronormativa” (a qual é uma das mais influentes igrejas protestantes do país). Tal pesquisa busca encontrar adjetivações e ressignificações simbólicas nos processos interacionais, uma vez que a intersecção entre esses dois campos – aparentemente distintos – é incomum e enxergada socialmente com olhar de reprovação. Tal artigo tem como objetivo oferecer uma explicação aos elementos simbólicos em sua comunicação e compreender como os homossexuais são representados em suas redes sociais, fazendo uso da pesquisa bibliográfica, documental e análise de micro dados demográficos. Dijk (2008) expõe em seu livro Discurso e Poder que a análise de discurso crítica é o tipo de investigação analítica discursiva apropriada para estudar situações específicas de poder, dominação de desigualdade social, sendo essa propícia para explorar as questões que envolvem religião e sexualidade. Existe uma mensagem que, se não for revolucionária, é no mínimo ressignificadora de usos e costumes. Religião é comunicação. É pregar sobre o imaginário, sobre ideias de perdão, salvação, punição, céu e inferno. Esta terá como base teórica de discussão o conceito de dispositivo em Braga (2006), apropriado de Foucault (1979), no qual uma igreja pode ser entendida como um sistema específico de organização da linguagem.
Referências:
BRAGA, José Luiz. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006.
DIJK, Teun A. Van. Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2008.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
______. Aula de 19 de fevereiro de 1975. In: ______. Os anormais: curso no College de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2001.
______. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, 1976. HOOVER, S. M. Religion in the Media Age. New York: Routledge, 2006.
KLEIN, Alberto. Imagens de culto e imagens da mídia. Porto Alegre: Sulina, 2006.
MARTINO, L. M. S. Mídia e poder simbólico. 2º ed. São Paulo: Paulus, 2003.
BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.