Última alteração: 2019-06-16
Resumo
Resumo: Por meio de etnografia em três jornais brasileiros, buscamos definições sobre o papel do editor de mídias sociais, a fim de verificar quais as implicações na prática do jornalismo.
Palavras-chave: Mídias Sociais. Editor de Mídias Sociais. Etnografia.
Apresentação da proposta:
Se, por um lado, existe número considerável de pesquisas no sobre o impacto das mídias sociais (MS) no jornalismo, por outro, permanecem escassos os estudos sobre o papel do editor de mídias sociais (EMS) e de que forma a sua atuação tem impactado o jornalismo. O que chama atenção na nova função é que o EMS é quase sempre um jornalista profissional, que não apura, nem escreve matérias, e que opera exclusivamente na internet, dentro de um núcleo inédito dentro do jornal. A nossa proposta é investigar, de forma comparativa, em três redações diferentes, quais as atribuições, as rotinas e os valores do EMS e as implicações da nova função na prática do jornalismo na atualidade. Queremos construir uma descrição abrangente (porém não determinista) sobre o funcionamento da nova função.
Objetivos: Por meio de um estudo exploratório, buscaremos analisar a rotina de três editorias de MS de três jornais brasileiros, para identificar semelhanças e diferenças entre elas, analisar a emergência de uma nova função do jornalista (o EMS) e verificar quais as implicações desse fenômeno na prática da profissão de jornalismo.
Procedimentos metodológicos:
Utilizaremos a pesquisa bibliográfica aliada à etnográfica. A proposta é realizar observação participante em três jornais brasileiros: Folha de S. Paulo (já realizada), Correio Braziliense e O Globo
Referencial teórico:
Dentre os principais conceitos que embasam nosso estudo estão etnografia em jornalismo (DOMINGO; PATERSON, 2011, 2008); o paradigma de “jornalismo de comunicação” (BONVILLE; BRIN; CHARRON, 2004) e o conceito de “next journalism” (KOVACH; ROSENSTIEL, 2010). Resultados parciais: Por meio de entrevistas74 e levantamento bibliográfico, podemos elencar as principais atividades do EMS: selecionar e postar nas MS do veículo conteúdos já publicados no site do jornal; interagir com o público; filtrar temas populares que estão sendo discutidos nas MS e sugerir pautas para o jornal; acompanhar a repercussão das reportagens publicadas nas MS, analisar gráficos e gerar relatórios, e desenvolver estratégias que poderão ser usadas nas MS. Hoje, na Folha de S. Paulo, os profissionais que exercem o cargo de EMS trabalham na editoria chamada Audiência e Dados e recebem o nome de “redatores”. Verificamos que as ações desses profissionais vão além daquelas descritas no Manual de Redação, pois englobam duas atividades cruciais do EMS: interagir com o público e monitorar as matérias e os leitores nas MS. Não há ainda, no Manual, a descrição de algum cargo que se encaixe nas atribuições do EMS, identificadas por meio da observação participante. Além disso, o experimentalismo do cargo foi percebido em diversos aspectos durante a etnografia. Percebemos que atuar em um ambiente “dominado pelo público” proporciona ao EMS uma perspectiva de análise inédita e serve de base para redefinições de estratégias, a fim de aumentar a audiência do jornal. O surgimento de novas funções e editorias estaria em sintonia com a necessidade de as empresas se adequarem ao novo panorama de uso crescente das MS, que proporcionaram migração de audiência para esses ambientes. Rearranjos organizacionais, novas estratégias mercadológicas e a criação de novas funções sinalizam para a criação, de fato de novas rotinas produtivas e de novas práticas profissionais exercidas por um “novo jornalista”. Seria a emergência de uma nova função, porém com habilidades ainda em construção.
Referências:
BONVILLE, J.; BRIN, C.; CHARRON, J. Nature et transformation du journalisme: théorie et recherches empiriques. Québec : Les presses de l’Université l”Aval, 2004.
DOMINGO, D; PATERSON, C. Making online news: the ethnography of new media production. Nova York: Peter Lang, 2008.
DOMINGO, D; PATERSON, C. Making online news – Volume 2: Newsroom ethnographies in the second decade of internet journalism. Nova York: Peter Lang, 2011.
KOVACH, B; ROSENSTIEL, T. Blur. How to know what’s true in the age of information overload. New York: Bloomsburry, 2010. Versão Kindle.