Mestradando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (PPGCOM/UFG)

Resumo: O artigo aborda a importância da Teoria da Amostragem e sua aplicação em pesquisas qualitativas da área da Comunicação, a partir da análise das dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás. Palavras-chave: Amostragem. Corpus. Pesquisa qualitativa. Pesquisa em Comunicação.

Apresentação da proposta

Proceder um recorte amostral na população-alvo de uma investigação científica permite ao pesquisador generalizar seus resultados, atribuindo-os a um conjunto maior de elementos. Mas para que o potencial indutivo e as possibilidades de inferência de uma pesquisa adquiram validade científica, a seleção da amostra deve ser criteriosa e estar relacionada com a natureza do estudo, os objetivos da investigação, as características da população estudada e os métodos de coleta de dados.

A utilização da amostra é comumente verificada nos trabalhos das Ciências Exatas e Biológicas. Já nas pesquisas sociais, conforme aponta Gil (2010), a amostragem é usada em pesquisas designadas como levantamento ou experimento. Na área da Comunicação, observa-se a adoção da amostragem em estudos quantitativos, sobretudo nas chamadas pesquisas de opinião e de audiência, embora também seja possível utilizá-la em investigações de natureza qualitativa.

Nesse contexto, o artigo volta-se para a utilização das técnicas de amostragem em estudos da área da Comunicação, tendo como objeto de análise as dissertações de mestrado defendidas e aprovadas no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Objetivo

O objetivo é investigar se os mestrandos do PPGCOM/UFG empreendem pesquisas com o devido rigor amostral e como a construção do corpus de seus trabalhos é explicitada ou justificada em suas dissertações.

Procedimentos metodológicos

Em um primeiro momento é feita uma revisão bibliográfica sobre a Teoria da Amostragem e sobre o uso da amostra em estudos qualitativos. Em seguida, são apresentados os resultados e as análises dos levantamentos feitos a partir de 10 dissertações de mestrado do PPGCOM/UFG. O levantamento de dados tem como foco o conteúdo apresentado nas dissertações, em que é analisado de que forma a adoção de uma determinada técnica de amostragem ou de construção do corpus de pesquisa – ou a opção por sua não adoção – é explicitada e/ou justificada no texto.

Referencial teórico

A Teoria da Amostragem e os diferentes tipos de técnicas de seleção amostral são abordados a partir de autores como Gil (2010), Levin (1978) e Malhotra (2006). O uso da amostra em estudos qualitativos é trabalhado com a contribuição teórica de Deslandes (2011) e Gaskell e Bauer (2002), que relacionam a amostra à validade e à representatividade de uma pesquisa. O artigo também propõe reflexões e problematizações sobre o conceito de amostragem por saturação teórica (FONTANELLA et al., 2001; FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008), em que a seleção de elementos para a composição da amostra é interrompida quando os dados não acrescentam ao que já foi obtido.

Resultados parciais

Os levantamentos realizados permitem inferir que a maioria dos acadêmicos do PPGCOM/UFG não dispensam grande atenção às técnicas de amostragem ou de construção do corpus da pesquisa. O que fica evidente é que, na maioria deles, não há preocupação em explicitar ou justificar os motivos que levaram à determinada seleção de elementos ou mesmo não adoção de nenhuma técnica, sobretudo relacionando essa opção à natureza e aos objetivos da pesquisa.

Referências

DESLANDES, S. F. O projeto de pesquisa como exercício científico e artesanato intelectual. In: MINAYO, M. C. de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 30. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

FONTANELLA, B. J. B. et al. Amostragem em pesquisas qualitativas: propostas de procedimentos para constatar saturação teórica. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 389-394, fev. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n2/20.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2017.

_______; RICAS, J.; TURATO, E. R. Amostragem por saturação teórica em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 17-27, jan. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v24n1/02.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2017.

GASKELL, G.; BAUER, M. W. Para uma prestação de contas públicas: além da amostra, da fidedignidade e da validade. In: _______ (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LEVIN, J. Estatística aplicada a ciências humanas. 2. ed. São Paulo: Harbra, 1978.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.