Ao longo das últimas duas décadas, as economias agrárias e sistemas alimentares vêm passando por profunda reestruturação devido aos investimentos do agronegócio em grande escala e investimentos em terras, marcados também por crescente financeirização e ressurgimento de um populismo autoritário. Estes reforçaram velhas e criaram novas formas e espaços de acumulação de capital pelas elites locais e estrangeiras, avançando e transformando formas de extrativismo (neo-extrativismo e agro-extrativismo). Esta reestruturação contribuiu para mudanças na geopolítica global, principalmente com o surgimento dos BRICS e os chamados países de renda média (MICs). A Iniciativa BRICS para Estudos Agrários Críticos (BICAS) surgiu em 2013 para estudar essas transformações. Análises e questões teóricas e empíricas sobre origens, caráter e significados das complexas mudanças em andamento precisam ser investigadas de forma mais sistemática. Este é o principal objetivo da 6ª Conferência Internacional do BICAS sobre “Desenvolvimento e transformações agrárias: BRICS, competição e cooperação no Sul Global”, a ser realizada de 12 a 14 de novembro de 2018 na Universidade de Brasília, Brasil.

Esta conferência discutirá transformações sociais, políticas, econômicas, ecológicas e outrasassociadas à dinâmica agrária envolvendo BRICS e MICs. Nossas abordagens são baseadas em estudos críticos e engajamentos, em aliança com movimentos sociais, lutas e pontos de vista de lideranças populares. São bem-vindas perspectivas interdisciplinares, incluindo as que se baseiam na economia política, sociologia do desenvolvimento, geografia humana, ecologia política e outras ciências sociais e humanas que refletem criticamente sobre temas como:

- Influências regionais e desenvolvimento: BRICS, comercio e investimentos no Sul Global;

- Cooperação Sul-Sul: ‘policy transfer’ e influências do estado nos BRICS e MICs;

- Novas relações estado-mercado que emergem dos BRICS e MICs;

- Crise ambiental e agroecologia na América Latina e Sul Global;

- Autoritarismos e populismos nas transições políticas e agrarias contemporâneas;

- Transformações agrárias e movimentos sócio-territoriais: terra, meio ambiente e soberania alimentar.