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INFORMAÇÕES ARQUIVÍSTICAS SOBRE A PRESENÇA FEMININA NA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL
Última alteração: 2017-10-05
Resumo
Este estudo faz parte de pesquisa de doutorado, desenvolvida em programa de pós-graduação em ciência da informação. Tem como objetivo apresentar dados iniciais sobre informações arquivísticas relativas à presença feminina na abolição da escravatura no Brasil. A escravidão foi utilizada por Espanhóis, Portugueses, Ingleses e Franceses no Continente Americano, a partir do século XV, com cerca de 15 milhões de homens e mulheres trazidos da África. A escravidão foi utilizada como forma de acumulação de riqueza pelos países expansionistas. Na África já existia escravidão antes dos mercadores europeus adentrarem em seu território, em razão de diversos fatores e disputas entre os grupos étnicos, tais como prisioneiros de guerras, entre outros. Mas a escravidão instituída nas Américas era diferente, pois envolvia, também, a captura de pessoas em situação de liberdade. Desse modo, as populações africanas foram vítimas da expansão mercantilista e comercial. Elas passaram a ser mercadoria, para prover as colônias que precisavam de mão de obra escrava, para produzir mercadorias a preços muito baixos, para abastecer o mercado externo. A escravidão no Brasil foi instituída logo após sua descoberta pelos Portugueses. Chegaram em nosso país cerca de 4 milhões de escravos, entre os quais parte significativa era de mulheres, no período de 1550 a 1855. A Escravidão durou mais de trezentos anos e só foi abolida com a Lei nº 3.633, de 13 de maio de 1888, conhecida como a Lei Áurea, sancionada pela Princesa Isabel. A luta contra a Escravidão foi construída de forma lenta. Somente no século XIX, o movimento abolicionista antiescravista obteve crescimento. A campanha contra a Escravidão atraiu vários adeptos, o que ajudou a dar maior impulso à causa. Entre seus participantes, estavam as mulheres. A participação de mulheres no movimento fazia parte das intenções dos abolicionistas, como estratégia de sensibilização da sociedade. A mulher, então, embrenhou-se no movimento abolicionista. Foram criados vários clubes e associações abolicionistas. Alguns eram dirigidos somente por mulheres; em outros, elas atuavam como membros participantes. Tal situação foi vivenciada por algumas dessas entidades, tais como: Sociedade Libertadora 7 de Setembro, instituída em 1869, em Salvador; Clube José do Patrocínio, no Rio de Janeiro; Clube Carlos Gomes, fundado em 1883, entre outros. O movimento adotava as conferências como cerimônias cívicas a favor da Abolição. A estudante da Faculdade de Medicina, Josefa Mercedes de Oliveira, em janeiro de 1884, foi uma das que discursou em uma das conferências contra o Trabalho Escravo. A mulher também participava das ações do movimento de ajuda às fugas individuais e coletivas de escravos. Para isso, existia uma rede de colaboração, que incluía mulheres apoiadoras que acolhiam fugitivos em suas casas. O Ceará foi uma das províncias que aboliu o trabalho escravo em seu território, antes da lei nacional. A abolicionista Maria Tomásia Figueira de Melo, presidente da sociedade abolicionista feminina Cearenses Libertadoras, teve importante atuação na causa, protagonizando campanha para ajudar escravas e escravos a comprarem alforrias. Os arquivos são conhecidos como espaços que contém registros de informação relevantes para a construção da memória social. Portanto, nesta pesquisa busca-se verificar como as mulheres estão representadas nos acervos do Estado brasileiro, no momento histórico que resultou na Abolição. A metodologia consistiu em levantamento bibliográfico sobre o tema, e na coleta de dados através de dois recursos: o Serviço de Informação ao Cidadão - e-SIC dos Poderes Executivo e Legislativo Federal, e as páginas das instituições na Internet. A amostra foi constituída pelo Arquivo da Câmara dos Deputados, Arquivo do Senado Federal e Arquivo Nacional. Foram analisados os instrumentos de pesquisa disponíveis e as respostas às questões formuladas pelo e-SIC. Os dados obtidos evidenciam a invisibilidade da presença feminina nos acervos referentes à Abolição da Escravatura.
Palavras-chave
: Mulher. Abolição da escravidão. Brasil. Representação da informação. Arquivos.