Introdução: Componente curricular do curso de Medicina da Universidade Federal de Jataí, a disciplina “Práticas de Integração Ensino, Serviço e Comunidade I” (PIESC I) promove, com o uso de metodologia ativa, o conhecimento dos cenários de atuação da “Medicina de Família e Comunidade” através de visitas a unidades básicas de saúde (UBS) e endereços domiciliares nas áreas das UBSs. Nessas visitas, desenvolvemos contato com a população, em sua grande maioria em condição de vulnerabilidade, permitindo observar a influência dos determinantes sociais no processo saúde-doença, tais como: fatores sociais, econômicos, culturais, psicológicos e comportamentais. Objetivos: Relatar as ações desenvolvidas pelos discentes da Universidade Federal de Jataí na disciplina PIESC I e seu impacto no processo saúde-doença. Descrição Metodológica: No 2° semestre de 2018, acompanhamos a família da paciente D.F.S, moradores da área de abrangência da UBS Vila Sofia - Jataí/Goiás. A escolha desse núcleo familiar baseou-se no escore de risco obtido através de um questionário aplicado nas visitas domiciliares. Posteriormente, passamos a acompanhá-los semanalmente. Verificamos que D.F.S de 51 anos, casada com V.P.S (feirante), analfabeta, protestante da Igreja Pentecostal Deus é Amor, com 4 filhos, morava em casa de alvenaria, sem reboco, com telhas de amianto e sem saneamento. No quesito econômico, relatou renda advinda da aposentadoria do marido, venda de verduras nas feiras e “Bolsa Família”. Socio-culturalmente, as relações sociais eram restritas à igreja e à feira, sem contato com vizinhos, seu entretenimento era restrito à rádio religiosa, não portando televisão por proibição da igreja frequentada. Sobre saúde, D.F.S e sua família não faziam acompanhamento médico há anos, relacionando cura à religião. Nesse âmbito, relatou que o filho sofreu um trauma, “morreu” e após orações "ressuscitou". Informou também episódio que sentiu dor lombar intensa, negando-se a buscar auxílio médico e, mediante “auxílio divino”, obteve melhora. Ademais, expressou timidez, evitando contato visual, nervosismo e ansiedade, dificultando a relação com o grupo. Após a convivência nesse período, conseguimos convencê-la a receber atendimento domiciliar e a comparecer à consulta na UBS. Resultados (desafios): O conjunto de fatores sociais e ambientais no qual a paciente estava inserida interferiam diretamente em sua vida, inclusive em sua concepção sobre o processo de adoecimento, tratamento e cura, comprovando o potencial de influência dos determinantes sociais sobre o processo saúde-doença. Diante disso, nosso grande desafio, junto à equipe da UBS, foi conquistar a confiança de D.F.S e convencê-la ao acompanhamento de rotina, sem interferir em sua espiritualidade, visto a importância para paciente. Devido a confiança adquirida conseguimos levar um interno na última visita e, posteriormente persuadi-la a comparecer em consulta na UBS.  Apesar do desafio, obtivemos êxito ao estabelecer vínculo com a paciente, o que possibilitou a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular eficiente, com consequente adesão de D.F.S. Considerações: As atividades práticas integradas proporcionadas pelo PIESC I contribuem para uma aproximação entre discentes e a realidade do Sistema Único de Saúde, além de permitir melhor compreensão dos determinantes no processo saúde-doença. Portanto, vivências como essa enfatizam a importância do envolvimento dos estudantes com as práticas de integração com a comunidade para a formação médica.