Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um conjunto de condições heterogêneas do neurodesenvolvimento que afetam a comunicação social e comportamental dos indivíduos em intensidades distintas, que variam do leve ao severo². Por possuir uma origem desconhecida, envolvendo a soma de fatores genéticos e ambientais, o tratamento pode ser multiforme, associando os métodos farmacológicos com os psicoterápicos¹. Atualmente, existe um interesse crescente no uso de compostos da cannabis sativa, comumente conhecida por maconha, como possível meio de tratamento complementar terapêutico do TEA. Os canabinóides são componentes da cannabis mais estudados e utilizados em função medicamentosa, dentre eles se destacam o canabidiol (CBD) e o Tetraidrocanabinol (THC) como os mais abundantes. Objetivos: Apresentar quais os benefícios e desafios relacionados ao uso da cannabis sativa como terapia alternativa no tratamento de indivíduos portadores do TEA. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio das bases de dados do GOOGLE ACADÊMICO e BVS. Como método de inclusão, foram priorizados artigos publicados no período de 2016 a maio de 2021, utilizando os descritores: “Cannabis”,” Psicoterapia” e “Transtorno do Espectro Autista”, conforme DeCS. Desenvolvimento: O uso da Cannabis Medicinal e de seus compostos como tratamento de diversas comorbidades associadas ao TEA possuem um grande potencial terapêutico devido a sua atuação nos neurotransmissores. Não se trata de uma cura dos sintomas e sim de uma melhora significativa que busca aumentar a qualidade de vida dessa população¹. Os sintomas mais identificados são: ansiedade, irritabilidade, convulsões, distúrbio do sono, epilepsia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)³. O CBD é frequentemente mais utilizado do que o THC, pois não é psicoativo, possui potenciais mais benéficos em diversas funções cerebrais, e age principalmente na melhora dos sintomas comportamentais e ansiosos. Já o THC usado em baixo teor possui ação psicoativa benéfica na ansiedade, angústia e depressão¹. Apesar de tamanhos benefícios presentes, o uso da cannabis sativa e seus componentes ainda enfrentam bastante dificuldade para se estabelecer como tratamento. Destacam-se como obstáculos: as dificuldades relacionadas ao preconceito, devido a seu uso para fins não medicinais; a escassez de estudos, que formam diversas lacunas nesse assunto; e a acessibilidade, pois no Brasil por seu uso ainda não ser legalizado apenas pacientes liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio do pagamento de altas taxas de importação, podem usufruir desta medicação^1,2. Considerações: A partir dessa análise de dados sobre o uso da cannabis sativa e seus componentes como forma de psicoterapia alternativa e complementar das pessoas com TEA, é possível notar a diversa quantidade de benefícios que essa inovação terapêutica pode trazer. Visto isso, é imprescindível a desconstrução de preconceitos sociais nas questões do uso medicinal da cannabis, assim como o aumento de estudos que comprovem sua eficácia e facilitem sua aquisição de forma legalizada com fins terapêuticos, diminuindo assim seu preço e aumentando seu alcance pela população.