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AS CONTRIBUIÇÕES DA MEDICINA ANTROPOSÓFICA AO PROCESSO DE EMPODERAMENTO E CO-CRIAÇÃO DA SAÚDE DA MULHER: um estudo de revisão integrativa
Débora Regina Buono Gontow

Última alteração: 2021-07-10

Resumo


Introdução: As Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas (MTCI) são definidas como um arcabouço de abordagens em saúde, que contemplam o ser em sua integralidade e transpõe as barreiras entre a mente, o corpo e o espírito¹. As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PIC’S), foram institucionalizadas no Brasil e ofertadas no âmbito da saúde pública brasileira conforme a Portaria interministerial 971, que, em 2006, instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Esta política assegurou e promoveu o acesso, no Sistema Único de Saúde (SUS), à medicina tradicional chinesa, à homeopatia, à fitoterapia, ao termalismo e à medicina antroposófica². Esta publicação da PNPIC, mobilizou Estados e municípios a produzirem suas próprias diretrizes políticas relativas a oferta e uso das PICS no SUS. A evolução do paradigma sociocultural-histórico fez com que o mundo enfrentasse desafios impostos pela globalização e as consequentes transformações sociais, e, no campo da saúde, analisa-se a manutenção de um modelo biomédico hegemônico, que é caracterizado pela centralização na biologia humana, na medicalização social, na fragmentação do cuidado e na assimetria das relações curador-paciente 3,4.  As implicações destas normas biomédicas no contexto da saúde da mulher se deram de diversas formas: o conservadorismo na formação dos profissionais de ginecologia obstétrica, o atrelamento da mulher à função reprodutiva, a regulação da sexualidade e a patologização dos corpos femininos3,5. E, em meio à mercantilização e a impessoalidade dos serviços médicos, a mulher se viu despida de todo conhecimento sobre sua própria saúde. Nesse contexto, a Medicina Antroposófica rompe o paradigma de terceirização da saúde, ao propor o diálogo que integra as racionalidades médicas e, sobretudo, empoderando a mulher à participação ativa e ao protagonismo do processo de co-criação da sua própria saúde3,6. Objetivos: Analisar a produção científica referente aos principais benefícios da Medicina Antroposófica e as suas contribuições acerca da integralidade da saúde da mulher. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório com ênfase em revisão integrativa da literatura. Realizou-se a busca nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e MTCI Américas. Utilizou-se para a busca os descritores: Anthroposophic AND Women’s Health OR Feminine. Como critérios de inclusão utilizou-se, idiomas Português e Inglês, textos completos e período de 2006 a 2019. Obteve-se como resultado 35 artigos, que submetidos aos critérios de inclusão, totalizou uma amostra de 22 artigos. Desenvolvimento: Os estudos selecionados apontam melhoria na qualidade de vida das mulheres que aderem ao tratamento antropológico complementar ao convencional. Sob a análise de aspectos subjetivos que permeiam as suas experiências de vida, a qualificação das funções emocionais influi, também, na melhoria dos sintomas físicos vinculados ao tratamento quimioterápico, ao manejo de condições crônicas e psicossomáticas e do processo gestacional ocasionando mudanças de estilo de vida que impactam na saúde, de uma forma geral. Considerações: O presente estudo enfatiza a importância da Medicina Antroposófica como ferramenta ativa na mudança no paradigma da doença à potencialização da saúde, caracterizando, portanto, os benefícios desta prática na saúde da mulher, uma vez que contribui com o fortalecimento da autonomia e determinação da mulher nos seu processo de saúde-doença nas diferentes fases do ciclo vital. Além disso, destaca-se a recomendação para estudos futuros, que embasem com maior assertividade os impactos da prática antroposófica na qualificação da assistência em saúde. Referências: 1. DE ANDRADE, João Tadeu; DA COSTA, Liduina Farias Almeida. Complementary Medicine in the SUS: Integrative practices in the perspective of medical Anthropology. Saude e Sociedade, [S. l.], v. 19, n. 3, p. 497–508, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0104-12902010000300003; 2. BRASIL. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006; 3. DE BASTOS, Raquel Littério; PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Mães Waldorf: Gestação e parto na comunidade antroposófica. Interface: Communication, Health, Education, [S. l.], v. 22, n. 65, p. 505–516, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-57622016.0651; 4. TESSER, Charles Dalcanale; BARROS, Nelson Filice de. Medicalização social e medicina alternativa e complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, [S. l.], v. 42, n. 5, p. 914–920, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0034-89102008000500018; 5. AGUIAR, Janaína Marques de; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas. Violência institucional em maternidades públicas sob a ótica das usuárias. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, [S. l.], v. 15, n. 36, p. 79–92, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1414-32832010005000035; 6. PARA, Estrategia et al. AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER : UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NO HOSPITAL SOFIA FELDMAN COMPLEMENTARY AND INTEGRATIVE PRACTICES IN WOMEN ’ S HEALTH CARE : A STRATEGY FOR THE. [S. l.], v. 15, n. 1, p. 105–113, 2011.


Palavras-chave


Terapias Complementares. Antroposofia. Saúde da Mulher. Empoderamento.