Introdução: a espiritualidade tem sido considerada fator que influencia a saúde, estando associada ao bem-estar físico e mental, melhor qualidade de vida e enfrentamento de momentos difíceis. Em situações de adoecimento, pode haver uma aproximação do indivíduo com a sua espiritualidade, sua fé e o Sagrado. Objetivo: este estudo teve o objetivo de avaliar se houve alguma mudança na relação do paciente com o Sagrado após o diagnóstico de câncer. Metodologia: estudo qualitativo, realizado com 30 pacientes portadores de câncer, que estavam em tratamento quimioterápico em uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), vinculada a um Hospital geral público na Bahia, Brasil. Os dados foram coletados a partir de questionário semiestruturado, elaborado pelos autores, e analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin. Neste estudo foram respeitados os preceitos éticos orientados na resolução 466/12 para estudos envolvendo seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 3.483.361. Resultados e Discussão: a partir dos dados coletados, três categorias foram encontradas. Na categoria aproximação com o Sagrado, os pacientes relataram que, após receber o diagnóstico do câncer, houve uma mudança positiva no que diz respeito a espiritualidade e relação com o Sagrado, onde muitos mencionaram este Sagrado como sendo Deus. Discursos sobre o aumento da fé e da prática religiosa também foram encontrados no conteúdo. Na categoria afastamento do sagrado, apenas duas falas mencionam que passaram a frequentar menos a igreja e desânimo em falar com Deus depois da descoberta do câncer. E na última categoria, manutenção da fé, informações sobre manter a relação que já se tinha com Deus foram identificadas. Considerações: a espiritualidade e relação com o Sagrado pode ser influenciada por situações difíceis vivenciadas, sobretudo no que diz respeito ao diagnóstico de doenças graves. Houve, para a maior parte dos pacientes deste estudo, uma mudança positiva na sua relação com o Sagrado. É importante que os serviços de saúde estejam preparados para uma abordagem de aspectos da espiritualidade do paciente para que esta dimensão possa ser um aliado no enfrentamento da doença, bem como aspectos negativos resultante de crenças pessoais ou religiosas possam ser identificadas e discutidas.