Última alteração: 2020-12-30
Resumo
Diante da sistemática de um planejamento urbano institucionalizado que está a mercê de lobbys políticos e elitistas (Souza, 2006), o cenário das cidades brasileiras na pandemia da Covid-19 evidenciou os abismos estruturais entre classes altas e populações de baixa renda. Em Fortaleza, capital mais densa do País, não foi diferente. Por isso, este artigo argumenta que o agravamento da situação sanitária em regiões marginalizadas durante a pandemia está diretamente relacionado à lógica de investimento e provimento de infraestruturas inscritas historicamente no planejamento oficial. Abordando o conceito de Planejamento Insurgente de Miraftab (2009) e o relacionando com as práticas organizadas pela comunidade do Grande Bom Jardim em meio à pandemia, o artigo pretende evidenciar que tais ações são capazes de amenizar impactos ao mesmo tempo que confrontam politicamente o Estado, em busca do direito à cidade e à garantia de direitos civis.