Devido à pandemia de Covid-19, as condições precedentes de desigualdade foram evidenciadas nas cidades brasileiras, tanto pelas condições de enfrentamento da doença quanto pela insuficiência de ação do poder público. Este artigo, fruto de uma pesquisa exploratória, discute como os assentamentos precários vêm enfrentando a pandemia. Tendo como estudo de caso Paraisópolis, busca-se apontar as ações realizadas pela associação local de março a julho, evidenciando os avanços e limites destas na contenção da disseminação da doença. Na primeira parte, discute-se o cenário da pandemia na cidade de São Paulo; na segunda, as ações relativas ao enfrentamento da Covid-19. A análise baseia-se em levantamentos dos principais jornais – Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo – e em documentos secundários publicados por organizações não governamentais, instituições de pesquisa e agentes públicos. Por fim, os resultados indicam que as ações promovidas pelo poder local no enfrentando da pandemia é exemplar, mas, ao mesmo tempo, deflagram a incapacidade do Estado perante as desigualdades socioespaciais nos assentamentos precários das cidades brasileiras.