Última alteração: 2020-08-19
Resumo
Os riscos da mudança climática ainda não são plenamente visíveis e reconhecidos pela sociedade, incluindo os governantes, que, portanto, não vem valor no investimento pautado no princípio da precaução. Esse fato reduz o apoio da população para os investimentos públicos em adaptação, assim como dificulta seu próprio engajamento. O uso e a ocupação do solo como parte da estratégia de adaptação em áreas urbanas ainda são pouco explorados no Brasil. Este tema visa explorar a resiliência em edifícios contemporâneos e modernos, lugares, sítios, cidades; examinar também como sítios do patrimônio moderno podem ser protegidos face às mudanças climáticas. As vulnerabilidades ambientais serão especificamente exploradas em Brasília, uma vez que o lugar para a capital do país foi escolhido principalmente por suas condições climáticas, e o Plano Piloto desenvolvido por Lucio Costa possui características bioclimáticas que são verdadeiras lições sobre planejamento urbano resiliente ao calor extremo, assim como as soluções arquitetônicas e os projetos modernistas adotadas por Niemeyer (Teixeira, 2018).
Porém, o crescimento urbano desordenado do Distrito Federal – DF tem alterado sensivelmente o clima nos últimos anos: verões mais quentes, invernos mais secos, chuva extrema e ondas de calor. O uso e a ocupação do solo como parte da estratégia de adaptação em áreas urbanas ainda são pouco explorados no Brasil. Os riscos da mudança climática ainda não são plenamente visíveis e reconhecidos pela sociedade, incluindo os governantes, que, portanto, não vem valor no investimento pautado no princípio da precaução. Esse fato reduz o apoio da população para os investimentos públicos em adaptação, assim como dificulta seu próprio engajamento. Uma vez que o processo de urbanização é permanente e intenso no país, o entendimento do impacto da configuração urbana no clima urbano, nos níveis de conforto e na demanda energética de edificações adquire uma grande importância. O estudo da morfologia urbana ajuda a entender os padrões locais de desenvolvimento e seus processos de mudanças. Pode ser abordado com base em alguns elementos chave, tais como estudos sobre as relações entre os componentes do balanço de energia e os fatores controláveis pelo homem, como, por exemplo, uso e taxa de permeabilidade do solo, gabaritos, espaçamentos entre as edificações, juntamente com restrições a sua altura, percentuais de áreas verdes, orientação das vias.
No trabalho 01 denominado IMPACTOS DO CLIMA URBANO NAS REGIÕES METROPOLITANAS: SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA, o fenômeno ilha de calor é relacionado ao clima, topografia e à geometria urbana. Provoca uma série de impactos condicionados pela arquitetura, por elementos construtivos e pelo calor antropogênico. Destaca-se que a ausência de elementos arbóreos provoca o aumento de incidência direta da radiação solar dando origem a diferentes microclimas por alterar as características da camada de ar junto à superfície terrestre. Conclui-se que a retirada de vegetação reduz a evaporação e a impermeabilização do solo, interferindo no conforto térmico humano e causa danos à saúde.
No trabalho 02 intitulado O URBANISMO MODERNO NO CERRADO: QUESTÕES DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL URBANO E BIOFILIA, as autoras exploram a relação entre a natureza, o espaço urbano e as formas de apropriação deste, no período do urbanismo modernista, na Região Centro-Norte do Brasil. O objetivo é identificar por meio das temperaturas de superfícies, o efeito do uso do solo urbano sobre o microclima, além de propor diretrizes de planejamento baseadas em biofilia urbana, que viabilizem a presença de áreas verdes públicas na cidade, sejam elas em forma de parques ou em áreas internas às quadras.
No trabalho 03 denominado PERFORMANCE DOS EDIFÍCIOS MODERNISTAS EM MEIO ÀS NOVAS DEMANDAS CLIMÁTICAS, o edifício, como resultado da produção arquitetônica, traz consigo uma determinada performance no que diz respeito ao seu desempenho ambiental frente às demandas impostas pelo meio ambiente. Sendo o Projeto de Arquitetura o instrumento que garantirá seu êxito, invoca-se como espírito investigativo qual seria a performance de edifícios modernistas em tempos atuais.
No trabalho 04 denominado SUSTENTABILIDADE EM UMA NOVA CAPITAL MODERNISTA: A RECENTE VERTICALIZAÇÃO NA ORLA DO LAGO DE PALMAS, TOCANTINS, o estudo trata sobre Palmas que apesar de ser uma capital planejada e com poucas décadas de existência apresenta escassa urbanidade e perda da qualidade ambiental. Foca estudo nas proximidades ao principal ponto turístico da capital, a Praia da Graciosa, onde a cada plano proposto, a quantidade de área verde e os locais destinados a praças, parques e a própria área de preservação permanente foram diminuindo. Atualmente a área conta com edifícios de até quarenta pavimentos, que foram feitos sem um Estudo de Impacto Ambiental, aumentando as manchas de sombra nos calçadões da praia e bloqueando os ventos predominantes, o que favorecerá em um futuro próximo, a criação de ilhas de calor
No trabalho 05 denominado ZONAS CLIMÁTICAS LOCAIS: UM ESTUDO PARA CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS URBANAS E NATURAIS PARA BRASÍLIA, o estudo apresentado se apoia na metodologia de Stewart e Oke (2012), que identificaram elementos urbanos que podem afetar a atmosfera da cidade e para tanto descreveram as propriedades das áreas urbanas e suas características morfológicas. Os autores propuseram uma classificação para áreas urbanas e naturais seguida de um agrupamento por similaridade de forma espacializada denominadas zonas climáticas locais (ZCL). Para complementar, algumas ferramentas de geoprocessamento foram incorporadas no processo pelo World Urban Database (WUDAPT). A partir da análise de uso e ocupação do solo, da geometria urbana e dos parâmetros morfológicos das áreas de estudo o método de classificação supervisionado identificou quinze ZCLs para Brasília.
No trabalho 06 denominado POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENFRENTAMENTO AO CALOR EXTREMO NO DISTRITO FEDERAL NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, os autores defendem a paisagem verde de Brasília como patrimônio merecedor de políticas públicas específicas. No artigo, levantam-se estratégias contra efeitos nocivos do calor extremo no DF, entre as quais destacam-se a urgência da elaboração de plano diretor de arborização que contemple um estudo detalhado e georeferenciado do potencial de plantios pulverizados de árvores no DF (spreading trees), cruzamentos, estacionamentos, canteiros de avenidas, e calçadas em todas as RAs promovendo parques de frescor, os chamados coolling places.