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A partir da eleição da arquitetura do período colonial como aquela genuína, formadora da nação brasileira, associada à nova arquitetura do Movimento Moderno, constituindo as únicas eleitas por um grupo dominante à preservação e consequente consagração na historiografia da arquitetura no país, este artigo analisa uma intervenção empreendida pelo arquiteto e técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Lucio Costa, na cidade de São João del-Rei, em Minas Gerais. A edificação apresentada neste artigo é uma das mais de 40 identificadas na cidade mineira que configuram o "estilo patrimônio": a camuflagem do ecletismo ou a mimetização de características do casario do século dezoito como pré-requisito para novas edificações nos núcleos tombados pelo IPHAN. Ao explicitar este caso busca-se ressaltar como o ecletismo foi por muitas décadas visto como não-arquitetura, considerado mera cópia de estilos que não merecia preservação. A intervenção de Costa também explicita a preocupação dos técnicos do Patrimônio em criar uma cidade-cenário, onde a paisagem fosse harmônica, com predomínio de um ambiente homogêneo, com presença apenas da eleita arquitetura colonial, sem os modismos e feições proporcionados pela estrada de ferro e pelos imigrantes. A arquitetura eclética, tão refutada pelos arquitetos vinculados ao Movimento Moderno é aqui objeto de apreciação, em busca da preservação de todos os períodos que constituem a historiografia da arquitetura brasileira, sem julgamentos baseados apenas no gosto pessoal daqueles que detém os mecanismos para gestão e manutenção dos centros históricos brasileiros.

Lucio Costa; Estilo Patrimônio; Arquitetura Eclética; São João del-Rei