Última alteração: 2021-01-29
Resumo
No limiar da década de 1970, o arquiteto estadunidense Michael Graves (1934-2015) passou a ocupar um lugar de destaque na história da arquitetura ao protagonizar a vertente historicista do pós-modernismo ao lado de outros grandes nomes. No mesmo período, Graves foi incluído pelo historiador italiano Manfredo Tafuri (1935-1994) no que este chamou de The New York Five, um grupo de arquitetos vagamente unidos por determinados interesses, tais como a consideração pela arquitetura moderna europeia do início do século XX (que àquela altura já se tratava de um fato estabelecido) e a predileção por questões formais em detrimento da função dos edifícios, de modo que a linguagem arquitetônica de Graves se articulava, em geral, por meio de uma variedade de elementos oriundos do modernismo combinados a inesperadas justaposições desses. Por volta de 1977, o arquiteto intensificou a exploração de novos matizes na sua obra ao elaborar formas e fachadas a partir da releitura da linguagem arquitetônica clássica, o que, em tese, criaria uma relação de pertencimento entre usuário e edifício ao resgatar elementos históricos e incorporá-los ao projeto. Tal atitude fazia parte do discurso de alguns arquitetos pós-modernos historicistas, contrapondo-se, deste modo, ao da arquitetura moderna. À vista disso, este artigo arrisca a pergunta: além de buscar a celebração da linguagem clássica mediante o resgate e reinterpretação desta, o que mais se encontraria por trás do desejo de utilizar a arquitetura a fim de remeter ao passado histórico? Na busca de possíveis respostas serão tecidas considerações sobre os exemplares da obra de Graves que, em termos estéticos, mais se enquadram nos princípios do pós-modernismo historicista, do Centro Cultural Fargo-Moorhead (1977) ao St. Coletta of Greater Washington (2006). Novos tempos reclamam novas críticas, portanto o objetivo geral deste trabalho é investigar em que medida o resgate da memória poderia configurar um tipo de estratégia projetual para aproximar o usuário da arquitetura e, enfim, examinar se tal atitude teria validade nos dias atuais.