Última alteração: 2020-08-15
Resumo
A reabilitação, enquanto prática arquitetônica, ocorre a partir da leitura atenta e do reconhecimento da preexistência, entendida aqui como o pressuposto e a premissa do projeto. Este ensaio pretende analisar, a partir do projeto de João Mendes Ribeiro (Coimbra, 1960), como o arquiteto reconhece o edifício e estabelece diretrizes, com base na relação entre arquitetura e cenografia. Busca-se, dessa forma, investigar como é possível, com base no questionamento do espaço previamente dado, lidar com tempos sobrepostos, colocando-o como foco da prática arquitetônica.
Para tanto, foi escolhida a obra Centro de Artes Visuais (1997-2003, Coimbra), projeto de intervenção que enfrenta essa questão, mantendo reconhecível a preexistência. A análise se dá atenta à repercussão do raciocínio empregado na cenografia sobre a materialidade do projeto de arquitetura, tendo em vista as estratégias que distingue as ações desta intervenção.
Nesse contexto, o ensaio busca tatear e compreender os recursos teóricos e metodológicos que possibilitaram a relação e influências recíprocas entre esses campos – restauro, arquitetura e cenografia. Recorrendo aos escritos de João Mendes Ribeiro (2008, 2018), bem como a autores que analisam essa intervenção, Manuel Graça Dias e Susana Ventura (2003) e Désirée Pedro (2011), busca-se reconstituir o percurso de elaboração do projeto, reconhecendo a estratégia que reinterpreta o que está previamente dado.