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LIMIARES DAS REPRESENTAÇÕES DA ARQUITETURA: EXPERIÊNCIAS, INVESTIGAÇÕES E HORIZONTES
Última alteração: 2020-08-19
Resumo
O papel instrumental e a condição operacional tradicionalmente atribuídos às representações da arquitetura tem sido revisto criticamente nas últimas duas décadas. É possível dizer, grosso modo, que a problematização das representações da arquitetura para além desse limite objetivo, técnico, assessório, é própria das reflexões do século XXI. Mesmo que essa questão filosófica tenha sido posta de forma clara na virada do século XIX/XX e que as aberturas para investigações dos limiares das representações tenham sido delineadas em meados do século XX, como as reflexões e experimentações conduzidas por Bruno Zevi em “Saber ver a arquitetura” (1948), os desenvolvimentos críticos realizados sobre o tema até meados dos anos 1990 foram raros. A popularização da computação e o amplo acesso a recursos de representação digitais promoveram transformações profundas nos modi operandi dos arquitetos o que trouxe novos desafios para a compreensão de tais transformações, para uma fundamentação teórica capaz de lidar com as dimensões cognitivas e tecnológicas – como filosofia da técnica – envolvidas, e para o delineamento de campos experimentais de investigação e pesquisa. Transcorrido esse período de pouco mais de vinte anos, é fundamental rediscutir quais são hoje os limiares das representações da arquitetura, a partir de experiências e investigações que possibilitem enxergar os horizontes futuros.Esta Sessão Livre pretende, portanto, promover reflexões teórico-metodológicas atualizadas relativas às representações da arquitetura, tanto no que é específico a essa área de conhecimento quanto nas intersecções com outras áreas de conhecimento pertinentes.Para tanto, a Sessão pretende estimular o debate de limiares das representações, suas naturezas, limites e potenciais.Nesse sentido, a Sessão se estrutura a partir de duas vertentes de abordagem do tema: 1. investigações teóricas realizadas e em curso junto a programas de pós-graduação e grupos de pesquisa; 2. experiências práticas referenciais realizadas e em andamento na formação de arquitetos e urbanistas e na formação de docentes-pesquisadores na pós-graduação; A partir dessas investigações e experiências, propõe-se pensar horizontes de proposições práticas e de investigações teóricas, reconhecendo, portanto, os esforços já realizados, as iniciativas que se encontram em andamento e, a partir de um balanço crítico de tais processos e trajetórias, tentar delinear os desafios e diretrizes de aspectos a demandar pesquisas e experimentações futuras. A Sessão pretende assim contribuir ao processo necessário de sistematização de interlocuções entre docentes-pesquisadores dedicados ao tema, que pode vir a se desdobrar na organização de uma rede nacional de pesquisadores.Dentro desse enfoque, a Sessão pretende explorar as interações nem sempre consonantes entre práticas e aportes teóricos, entre discursos e processos projetuais, com especial atenção: • aos referenciais teóricos emergentes; • aos procedimentos metodológicos empregados no ensino e na pesquisa do tema; • às estratégias de documentação e ao registro de experiências realizadas; • aos limites e fronteiras reconhecíveis nas práticas de ensino e desenvolvimento de projetos; • à organização de coletivos, grupos de estudo, linhas de pesquisa, grupos de pesquisa e participação em redes nacionais e internacionais;• à organização de eventos científicos, periódicos e plataformas digitais dedicados ao tema;A partir desses objetivos gerais, cabe então apresentar uma síntese dos trabalhos que integram essa Sessão. O primeiro trabalho apresenta uma revisão crítico-propositiva de certos limiares das representações da Arquitetura como resumo dos esforços de investigação realizados no âmbito do Grupo de Pesquisa CNPq “Representações: Imaginário e Tecnologia” (RITe) desde 2013 e, a partir de tais problemas, delineia dois campos a demandar experimentações e pesquisas. O segundo trabalho tem como foco de pesquisa o “projeto em urbanismo” no diálogo com a filosofia. No caso específico deste trabalho, a intenção é pensar o projeto como uma representação que opera a realidade não só como procedimento técnico, mas sobretudo, se manifesta como um ato político. A intenção é inserir a dimensão política em um processo “naturalizado” como técnico. O terceiro trabalho propõe uma reflexão sobre os limiares das representações da paisagem no meio urbano contemporâneo, com especial atenção às paisagens latentes dos espaços intersticiais e à imaginação poética. Para tanto, são visitados diferentes meios expressivos – a pintura (in visu), a palavra e intervenções espaciais (in situ) – com a intenção de neles verificar ocasiões ao desvelamento e à valorização estética de paisagens pouco evidentes no cotidiano urbano. O quarto trabalho propõe como orientação as transformações das cidades contemporâneas quanto às suas dinâmicas socioespaciais, com particular atenção aos processos que evidenciam a coexistência desigual de modos de produção do urbano. Dentro deste espectro são objetos de interesse as estratégias artístico-metodológicas que adotam ou problematizam as cidades tendo a noção de paisagem, a prática do caminhar e a fotografia como termos articuladores entre modos de inscrição, documentação e experiência sensível no espaço urbano. O quinto trabalho revisa uma experiência de articulação curricular desenvolvida durante a implementação do novo currículo do curso de Arquitetura da Facultad de Arquitectura y Urbanismo da Universidad de Chile (FAU-UCHILE). Tal experiência procurou questionar o caráter discreto que se associa às representações características da arquitetura (desenhos 2D e maquetes 3D) explorando – literalmente – a zona limiar de 2,5 Dimensões, como insumo projetual possível, pedagógico e didático, que permita formular interrogações entre mapa y território, entre desenho e maquete.
Palavras-chave
Representações; Teoria; Experimentação
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