A história da arquitetura brasileira foi constantemente definida pelo desejo de progresso em paralelo ao profundo apego às tradições. Por vezes, o conflito entre essas duas condições fomentou narrativas históricas controversas, que levaram à negação do passado ou ao repúdio à oferta do novo. Entre negações e aspirações, duas linguagens arquitetônicas poderiam ser destacadas como resultantes desses anseios em suas respectivas épocas: a neoclássica do período imperial e a neocolonial da Velha República. O presente ensaio trata, portanto, do debate iniciado nas primeiras décadas do século XX a respeito da identidade arquitetônica brasileira. As mudanças sócio-políticas do novo regime republicano e a aproximação do Centenário da Independência em 1922 ensejaram uma série de revisões no âmbito artístico-intelectual que resultariam, mais tarde, na rejeição de um século XIX “europeizado” e na busca por uma arquitetura verdadeiramente nacional. Nesse sentido, a intenção deste trabalho é revisitar as principais abordagens acerca das vertentes arquitetônicas mencionadas, compreendendo que suas interpretações do passado teriam sido claramente balizadas por intenções a respeito do presente e futuro, como o próprio prefixo neo sugere.

arquitetura neoclássica. arquitetura neocolonial. arquitetura brasileira.