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O século XX foi marcado pelos impactos da modernização, propiciando uma produção arquitetônica de destaque no campo das artes, sobretudo relacionada aos cinemas de rua. Em Natal (RN-Brasil), o meio de comunicação de massas assumiu a característica de elemento da experiência citadina, ganhando status de lugar social ao se integrar à mancha urbana dos equipamentos culturais e de lazer. No entanto, percebeu-se que, a partir do último terço do século, marcado por outras inovações midiáticas e surgimento dos shoppings, o cinema perdeu força como objeto arquitetônico. Como consequência, os edifícios destinados as projeções estão cada vez mais distantes da recordação dos usuários e são dificilmente reconhecidos atualmente por causa da descaracterização decorrente de novos usos. Portanto, usando da icônica frase associada as gravações, “luz, câmera... ação”, o presente artigo aspira discutir a situação dos cinemas de Natal, a fim de revelar a transformação dos prédios junto ao crescimento da cidade. Com base em uma bibliografia voltada ao recurso narrativo como resgate da memória, a intenção metodológica foi mapear a concentração das salas de cinemas existentes em cada terço do século XX, analisando o entorno inserido, o papel dos edifícios para vizinhança e o impacto das mudanças urbanas refletidas nos usos e representatividade dos prédios. Os resultados demonstram que, dos onze cinemas analisados, a maioria assumiu novas funções como comércio (2), serviços (2) e uso institucional (4) e outros encontram-se em processo de abandono e deterioração (2) ou fechado (1), o que atenua a dificuldade de reconhecimento. A discussão final está voltada para a reflexão sobre estratégias que podem resgatar o papel desses cenários escondidos no contexto urbano.

Cinemas de rua; Transformações Arquitetônicas; Historiografia; Contexto Urbano