Ao longo das últimas décadas o Brasil tem vivido um turbilhão de transformações socioespaciais. Ora impulsionadas pelo otimismo com relação à economia e aos megaeventos esportivos, ora catalisadas pela subsequente crise política, econômica, social e de segurança, as mudanças rápidas e drásticas sofridas pelo país vem impactando diretamente o urbano e a dinâmica nas cidades e espaços públicos. O Rio de Janeiro, mais especificamente, tem vivido esse processo de forma aguda, já que alguns dos espaços mais vulneráveis e emblemáticos de pobreza urbana – as favelas – possuem relações ambíguas com fenômenos como o turismo de favelas, a entrada de novos moradores, as diferentes formas de violência e a flutuação de preços imobiliários, entre outros. Nesta pesquisa buscamos refletir sobre tais fenômenos, compreendendo-os a partir de um panorama histórico crítico que aborda algumas transformações nas favelas da zona sul do Rio de Janeiro. Principalmente, por meio de uma análise dos processos de turismo e gentrificação, promovemos uma reflexão sobre o passado e o futuro das favelas do Rio de Janeiro frente a uma nova era de crise e transformações paradigmáticas socioculturais pelas quais passam o país e seus moradores mais vulneráveis.