Última alteração: 2020-08-27
Resumo
O artigo debruça-se sobre a construção de um imaginário particular de arquitetura moderna latino-americana em Latin American Architecture Since 1945, catálogo da exposição homônima organizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) em 1955 por Henry-Russell Hitchcock. Diante da ampla circulação dos discursos ali agenciados e dos efeitos legitimadores dos Estados Unidos como centro de elaboração da crítica cultural no segundo pós-guerra, o evento coloca-se como marco fundamental da consolidação de uma narrativa que seria canonizada e estratificada na historiografia quase como axioma. Sabendo que os discursos propostos por Hitchcock são construções culturais que resultam de um complexo campo de forças onde se chocam esforços e vontades multilaterais –sejam elas singulares, coletivas, intra ou extra disciplinares-, esta comunicação discute de que maneira as escolhas da curadoria (isto é, o que o MoMA elege como a arquitetura representativa da unidade do subcontinente) estavam entrelaçadas, de um lado, com o complexo projeto político-cultural norte-americano para o continente no emblemático arcabouço de rearranjos geopolíticos da Guerra Fria, e de outro com o universo do próprio campo disciplinar da arquitetura, no que tange a revisão que o modernismo sofrerá no segundo pós-guerra.