Última alteração: 2022-04-27
Resumo
Este projeto foi desenvolvido na Unidade de Semiliberdade Feminina do Guará, que acolhe meninas de 12 a 18 anos, em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade por cometimento de ato infracional. A Unidade pertence à Subsecretaria do Sistema Socioeducativo, que integra a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal - SEJUS e tem por finalidade garantir a proteção integral das adolescentes em situação de responsabilização e privação de liberdade. A coautoria e supervisão de campo foi de Natália Pereira Gonçalves Vilarins e a coautoria e supervisão acadêmica de Camila Caroline de Oliveira Ferreira. A proposta foi de realizar uma Oficina de Corporeidades, integrando práticas de respiração, alongamento e circo, esta última composta por aparelhos como o tecido, a lira, o bambolê e claves. A motivação veio principalmente pelo descrito no Artigo 71 do ECA, que prevê o direito à cultura, lazer, esporte e diversão, de acordo com as metas estabelecidas no PIA sobre os mesmos temas. Também foi identificado em campo, um alto índice de evasão, por motivos diversos, incluindo o ócio durante a estadia na Unidade e questões relacionadas à saúde mental e ansiedade. Portanto a contribuição do projeto iria de encontro à realização da oficina no espaço da Unidade, por conta de o exercício físico garantir ganhos para a saúde física e mental. O objetivo se moldou de forma a garantir o lúdico, com vistas a romper com a perspectiva da adultização, promover o acesso a atividades que expandem a visão de mundo, intermediar o conhecimento de novas práticas, fornecer ferramentas para lidar com a ansiedade e promover uma melhor interação entre as adolescentes e servidores. O motivo se localizou na capacidade de realizar uma oficina que não necessitasse de conhecimento prévio ou escolarização específica, que fosse preciso apenas o corpo e a presença, de produzir autonomia, de forma que pudessem realizar as atividades sozinhas ou entre si posteriormente. A avaliação do projeto foi realizada em duas frentes, a primeira feita diretamente com as adolescentes, por meio de uma roda de conversa. A segunda, com os servidores, por meio de formulário, a resposta era anônima. Em relação aos objetivos específicos, foram atingidos a promoção do lúdico, o rompimento com uma perspectiva adultizante em ambiente de responsabilização, o fornecimento de uma experiência de medida socioeducativa correspondente ao que está garantido no ECA e que respeitasse a condição de indivíduos em desenvolvimento, a promoção de atividades culturais que expandissem as perspectivas das meninas, promovendo novos aprendizados. Além da promoção de uma interação mais rica entre colegas e servidores dentro da Unidade, durante a realização da oficina houve a participação voluntária e espontânea das agentes socioeducativas, da diretora e de um dos seguranças, situação que contagiou as adolescentes e propiciou momentos de aprendizado mútuo, horizontalidade no tratamento e um estado de relaxamento e diversão coletivos. Foram percebidas perspectivas que o desenvolvimento inicial não contemplava, como questões de autoestima, o impacto do reforço positivo e o poder da diversão, da vulnerabilidade que o lazer proporciona, principalmente quando em coletivo.