Portal de Conferências da UnB, VI Mostra de Trabalhos de Conclusão de Curso de Enfermagem

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A EPISIOTOMIA E SUAS IMPLICAÇÕES CLÍNICAS E ÉTICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO: REVISÃO DE LITERATURA
Nubia Beloti Teófilo da Vitória, Dirce Bellezi Guilhem

Última alteração: 2017-07-27

Resumo


INTRODUÇÃO: Os procedimentos de assistência ao parto têm sido amplamente questionados por promover práticas desumanizadas e desrespeitosas direcionadas às mulheres em processo de parturição. Evidências mostraram que o modelo tecnocrático estava contribuindo para o aumento de intervenções, muitas vezes desnecessárias, sendo que muitas dessas intervenções foram introduzidas nas práticas cotidianas sem nenhum embasamento científico. Dentre essas práticas, encontramos a realização da episiotomia, um procedimento cirúrgico utilizado para aumentar a abertura vaginal com uma incisão no períneo, efetuada normalmente no final do segundo estágio do parto vaginal. Este mesmo estudo mostrou as melhores evidências científicas relacionando às práticas utilizadas durante a parturição, em quatro categorias: A, B C e D. A categoria A refere-se às práticas demonstradamente úteis e que devem ser estimuladas; a categoria B, práticas claramente prejudiciais ou ineficazes que devem ser eliminadas; a categoria C, práticas que não existem evidências científicas suficientes para apoia-las e por isso devem ser usadas com cautela; a categoria D são práticas frequentemente usadas de modo inadequado. A episiotomia foi classificada como categoria D. Nesta mesma publicação afirmou-se que, segundo a OMS (1996 apud Oliveira et al. 2005, p. 290): “não existem evidências confiáveis que o uso liberal ou rotineiro da episiotomia tenha um efeito benéfico, mas há evidências claras de que pode causar dano. Num parto, até então normal, pode ocasionalmente haver uma indicação válida para uma episiotomia, mas recomenda-se o uso limitado dessa intervenção.” OBJETIVOS: Objetivou-se através deste artigo, traçar um panorama sobre a utilização da episiotomia nas práticas obstétricas a partir das evidências publicadas em periódicos científicos brasileiros. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da leitura. Foi realizada busca de dados nos seguintes bancos eletrônicos: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e na Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Utilizou- se os descritores episiotomia, parto normal, enfermagem baseada em evidência, assistência perinatal, enfermagem obstétrica, parto humanizado e Brasil, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os descritores foram combinados através dos operadores booleanos “AND” e “OR”. Incluíram-se artigos entre os anos 2006 e 2016, que tinham como assunto principal ou um dos assuntos principais a episiotomia. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 18 artigos. Os mesmos foram categorizados e sumarizados. RESULTADOS: Foram identificados 18 artigos, sendo dez estudos com abordagem qualitativa, um estudo de caso-controle, três estudos com abordagem quantitativa, dois estudos de revisão da literatura e dois estudos retrospectivos de corte transversal. Os principais temas abordados nestes artigos, em ordem decrescente foram: Fatores relacionados ao procedimento: seis; Visão das Mulheres: seis; Atuação da Enfermagem obstétrica: dois; Aplicação do procedimento; dois; Relações de poder profissionais/mulheres: um; Episiotomia seletiva: um. Foi possível alcançar nos artigos selecionados as evidências produzidas. CONCLUSÃO: É importante destacar que as questões discutidas neste artigo estão interligadas, favorecendo umas às outras para que aconteçam, logo quando um dos componentes deste efeito cascata é melhorado, os outros também são beneficiados. Promovendo mudanças como educação em saúde na gestação, melhora da comunicação entre profissionais e parturientes, respeito ao corpo da mulher em relação aos procedimentos em que esta é submetida, haverá impacto direto na diminuição de episiotomias. A implantação da humanização na condução do parto tem tido grande efeito neste decurso e deve continuar a ser estimulada, visto sua efetividade no transcorrer do parto. O papel da mulher no processo de parturição está em fase de resgate no Brasil. A mulher vem percebendo seu papel central e o acesso à informação contribui para comportamentos proativos durante o período perinatal. É necessário que haja incentivos e compartilhamento de conhecimento por parte dos profissionais da obstetrícia. Os malefícios da episiotomia de rotina já estão bem estabelecidos e devem ser levados em conta nas maternidades brasileiras, a fim de encorajar a implementação de uma episiotomia seletiva, que entende os aspectos físicos e emocionais de suas parturientes, além de não interferir maleficamente em seus corpos e assegurar uma assistência de qualidade e livre de riscos desnecessários. A obstetrícia brasileira precisa evoluir em termos de quebra de paradigmas e inclusão de evidências cientificas. Destaca-se a importância da realização de mais estudos sobre a seletividade da episiotomia.

Palavras-chave


Enfermagem; Episiotomia; Ética; Bioética