Portal de Conferências da UnB, VI Mostra de Trabalhos de Conclusão de Curso de Enfermagem

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A CAPOEIRA COMO RECURSO TERAPÊUTICO PARA USUÁRIOS DE CAPS-ADI
Nathalia Silva Barbosa, Maria Aparecida Gussi

Última alteração: 2017-07-27

Resumo


INTRODUÇÃO: Os Centros de Atenção Psicossocial são serviços estratégicos da política nacional de saúde mental, álcool e outras drogas, fazem parte do SUS e são responsáveis pela organização do cuidado em saúde mental no território, participando da articulação de toda a rede de assistência, visando à reinserção social pelo acesso ao trabalho, lazer, cidadania, e fortalecendo os laços sociais e familiares. (GRIGOLO; PAPPIANI, 2014, p. 5). Segundo o MINISTÉRIO DE ESTADO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011 que institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o CAPS i: atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras drogas, é um serviço aberto e de caráter comunitário. Os CAPS podem oferecer diferentes tipos de atividades terapêuticas. Esses recursos vão além do uso de consultas e de medicamentos, e caracterizam o que vem sendo denominado clínica ampliada. Essa idéia de clínica vem sendo (re)construída nas práticas de atenção psicossocial, provocando mudanças nas formas tradicionais de compreensão e de tratamento dos transtornos mentais. É preciso criar, observar, escutar, estar atento à complexidade da vida das pessoas, que é maior que a doença ou o transtorno. Para tanto, é necessário que, ao definir atividades, como estratégias terapêuticas nos CAPS, se repensem os conceitos, as práticas e as relações que podem promover saúde entre as pessoas: técnicos, usuários, familiares e comunidade. Todos precisam estar envolvidos nessa estratégia, questionando e avaliando permanentemente os rumos da clínica e do serviço. Os CAPS oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas, por exemplo: psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) As oficinas terapêuticas fazem parte do serviço como um dispositivo estratégico utilizado pelos profissionais para o trabalho das equipes de saúde para atingir os objetivos almejados com os seus usuários.Assim, queremos neste estudo identificar o potencial da capoeira como recurso terapêutico através das oficinas terapêuticas de capoeira a serem realizadas com usuários de CAPS adi. OBJETIVOS Geral: Identificar junto aos profissionais o potencial terapêutico de oficinas de capoeira para jovens em tratamento no CAPS adi. Específicos: Realizar oficinas de capoeira com jovens em tratamento no CAPS adi Brasília; Auxiliar no processo de cuidado e reinserção social, atenção integral e continuada através das interações nas rodas de capoeira; Identificar as percepções dos técnicos sobre as oficinas como recursos terapêutico, e em específico, a oficina de capoeira para população adolescente; METODOLOGIA Pesquisa social em saúde, o que Minayo (2006) conceitua como todas as investigações que tratam do fenômeno saúde/doença, de sua representação pelos vários atores que atuam no campo: as instituições políticas e de serviço e os profissionais e usuários. Segundo a mesma autora, é preciso declarar que o objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo. O acervo dessas ciências contempla o conjunto das expressões humanas constantes nas estruturas, nos processos, nas relações, nos sujeitos, nos significados e nas representações. A pesquisa foi realizada a partir da colaboração de jovens usuários do serviço do CAPS adi Brasília e dos profissionais deste CAPS envolvidos no tratamento desses jovens. Com diferentes demandas, mas sempre envolvendo problemas com uso de álcool e outras drogas, os jovens e/ou seus familiares buscavam ou eram encaminhados ao serviço do CAPS adi. Após acolhimento e decisão de fazer o tratamento era então realizada a pactuação entre o jovem, a família e o serviço, sistematizada por meio do Plano Terapêutico Singular (PTS). Dentre as atividades grupais disponibilizadas se incluía a Oficina de Capoeira, a qual se refere este estudo. RESULTADOS: A capoeira surge como uma alternativa de atividade atrativa para os jovens usuários do serviço do CAPS adi, tendo em vista que a adesão desses jovens às atuais atividades oferecidas pelo serviço não é satisfatória. A oficina terapêutica de capoeira é um dispositivo para a tentativa de atrair os jovens e sua adesão ao serviço e tratamento, buscando resultados positivos e evolução, tendo como base que o tratamento psicossocial proporciona formas de atividades motora, social e expressiva, para despertar habilidades e autonomia. Partindo do princípio que a utilização da capoeira como ferramenta de desenvolvimento social é muito abrangente, levando o indivíduo a ter um espaço dentro de um grupo social, vendo a importância do mesmo neste e, seu impacto na sociedade, apresentando políticas públicas de inclusão, acompanhamento e desenvolvimento. A prática da capoeiragem, não só traz benefícios corporais e mentais aos seus praticantes, esta, traz consigo uma desenvoltura que faz com que o indivíduo possa desenvolver habilidades e competências distintas ligando-as ou entrelaçando-as no seu dia a dia trazendo-lhe benefícios e soluções satisfatórias em seu cotidiano. (FERREIRA, 2012) Sendo assim acredita-se na possibilidade de ter a capoeira como mais um meio eficiente para o tratamento psicossocial para os jovens usuários do CAPS adi. CONCLUSÃO: Um dos desafios postos ao CAPS adi foi incorporar atividades com cunho terapêutico e que fosse atrativa o suficiente para essa faixa etária. Nessa direção, concordamos com Benevides et al. (2010, p. 128) que aponta: A terapia psicossocial proporciona diversas formas de atividades, como as atividades motoras (esportes, trabalhos em madeira e couro), sociais (comemorações festivas, teatros e cinema) e autoexpressivas (atividades espontâneas como cerâmica, pintura e dança). Essas práticas ampliam a habilidade e a autonomia do sujeito ao permitirem a ele o desenvolvimento do potencial da criatividade e da expressão. O trabalho com grupos terapêuticos deve ganhar espaço nos serviços e instituições da rede de atenção à saúde, pois se trata de uma ação relevante no planejamento de intervenções clínicas, já que apresenta resultados positivos no acompanhamento de diversos agravos e doenças. Considerando também que a capoeira não só trabalha como esporte para atender o tocante da cidadania, esta, perpassa por tantos outros caminhos e assuntos que é quase incontável os meios que se usa para adentrar na sociedade. A capoeira se vincula a cultura, moda, filosofia, sociologia, antropologia, física, dança, música, teatro, geografia, beleza, estética, e muitos outros meios que/ou juntos, por meio da prática da capoeiragem, adentram casas, favelas, países, culturas, meios sociais, círculos sociais, universidades e milhares de lugares levando assim, não somente a cultura de um povo ou nação, mais um leque de oportunidades para diferentes áreas do conhecimento de cada indivíduo que a ela tem contato. (FERREIRA, 2012)

Palavras-chave


Saúde Mental; Enfermagem; Cuidado Psicossocial