Introdução: Segundo o anexo da Resolução COFEN Nº 567/2018 que regulamenta a atuação da enfermagem no cuidado ao paciente com feridas, compete ao enfermeiro “realizar curativos, coordenar e supervisionar a equipe de enfermagem na prevenção e cuidados às feridas”. Sendo privativo do enfermeiro à realização de curativos em lesões de maior complexidade, conforme descrito na Legislação do Exercício Profissional de Enfermagem. Curativos de menor complexidade podem ser delegadas ao técnico de enfermagem, contanto que o enfermeiro esteja o supervisionando. Ademais, de acordo com a Resolução COFEN Nº 358/2009, que dispõe sobre a implementação do processo de enfermagem nos ambientes públicos e privados em que ocorre o cuidado profissional, é atividade privativa do enfermeiro “o diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, face a essas respostas”. Cabendo ao técnico de enfermagem e o auxiliar de enfermagem, “a participação na execução do processo de enfermagem, naquilo que lhes couber, sob a supervisão e orientação do enfermeiro”. Considerando o papel da enfermagem no cuidado ao paciente com feridas, objetiva-se relatar a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem da Universidade de Brasília (UnB), Campus Darcy Ribeiro, referente à elaboração e implementação de uma intervenção relacionada a feridas e coberturas no setor da Clínica Médica (CM) do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Descrição da Experiência: Durante o 1º ciclo do Estágio Supervisionado 2, os acadêmicos elaboram um produto/intervenção como contrapartida a alguma situação-problema identificada no setor de estágio, devendo este ser acordado conjuntamente com a enfermeira supervisora do setor e a professora supervisora da UnB. Após alguns dias de vivência no setor, acompanhando a rotina, pode-se observar a necessidade de trabalhar com os enfermeiros e os estagiários de enfermagem acerca da temática coberturas para feridas, bem como suas indicações e contraindicações. Esta demanda foi acordada com a  enfermeira supervisora que apoiou a ideia e confirmou a necessidade da unidade assistencial trabalhar este assunto, principalmente devido a falta de preparo de alguns profissionais, a alta rotatividade de alunos que estagiam na unidade e a quantidade de curativos realizados diariamente. A proposta de intervenção foi compartilhada com a professora supervisora e quando obteve-se seu aval, iniciou-se o processo de elaboração dos produtos intitulados “Coberturas”, “Curativo - Como Registrar” e “Estadiamento da Lesão por Pressão”. Após a concordância da enfermeira preceptora e da professora supervisora, procedeu-se a elaboração do projeto de como ficariam os produtos, envio para a enfermeira e para a professora supervisora, realização de ajustes, obtenção da aprovação do produto final, realizou-se a impressão e plastificação das artes. A fim de apresentar o produto fruto da intervenção para os enfermeiros e estagiários de enfermagem do setor, foram realizadas duas reuniões, com a duração média de 30 minutos cada, em dias, turnos e com profissionais diferentes. Ressalta-se que 100% dos profissionais de enfermagem e estagiários aderiram e participaram ativamente da apresentação. Discussão: A realização de curativos requer diferentes competências técnicas e científicas, como o conhecimento acerca da  fisiologia da pele e o processo de cicatrização, capacidade de avaliar e classificar uma lesão, além de selecionar a cobertura adequada para seu tratamento ou prevenção. É papel do enfermeiro realizar a prescrição dos cuidados de enfermagem para o tratamento das feridas, por meio dos diagnósticos e das intervenções de enfermagem, além de orientar e supervisionar a equipe de enfermagem na execução do curativo. Além da condição clínica do paciente, a indicação da cobertura adequada para o tratamento de uma lesão constitui aspecto fundamental no seu tratamento, pois favorece um ambiente adequado para restauração da integridade da pele. Além desses aspectos deve-se considerar a relação custo benefício do uso das coberturas no tratamento ou prevenção de lesões. Portanto, é necessário que a equipe de enfermagem, em especial os enfermeiros - enquanto chefes de equipe e supervisores, se capacitem para o tratamento de feridas e invistam em capacitação para a equipe do setor no qual trabalham ou são responsáveis. Considerações Finais: Os produtos foram bem recebidos pela equipe e acredita-se que cumprirão seu papel como norteador na hora de selecionar a melhor cobertura para determinada lesão, além de auxiliá-los no momento da avaliação do estadiamento da lesão e registro de enfermagem. Ao longo da elaboração dos produtos foi possível rever conteúdos teóricos relacionado à lesões e registros de enfermagem; ademais, foi possível aplicar estes conhecimentos na prática. Um dos desafios encontrados durante o processo de elaboração do produto “Coberturas” foi a escassez de trabalhos científicos específicos sobre feridas oncológicas e como tratá-las. Por fim, recomenda-se a implantação dessa intervenção em outros setores do hospital que lidam com feridas, bem como incluir no programa de educação continuada do setor essa temática.

Palavras-chave: Enfermagem; Feridas; Cicatrização; Tratamento.