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A militância de ontem e hoje
Hadassa Ester David

Última alteração: 2012-08-17

Resumo


Com este trabalho, a intenção é realizar uma análise, percorrendo os caminhos das seis leituras em massa folhada[1]. O assunto geral a ser abordado é “Mobilização Social”. No corpo do texto, as análises não estão explicitadas e separadas por camadas, pois a escolha foi a de apontá-las apenas nesta parte introdutória e deixá-las implícitas no artigo científico, já que as leituras são solidárias umas com as outras e não precisam estar em ordem de apresentação para que façam sentido, de acordo com Porto[2] (2009).

No primeiro tópico, por exemplo, aparece a leitura arqueológica ou de arquivo, tentando situar a mobilização social no passado, recorrendo a seu contexto histórico. Mas, segundo Porto, a significação arqueológica não é só passado, ela vai se relacionar com os acontecimentos presentes e futuros dentro de um feixe de possibilidades significativas da linguagem. “É o momento da busca do já dito, do já visto, do já ouvido e que travará uma relação expressiva e significativa com as coisas dizíveis, com as coisas que ainda vão acontecer (p. 31).”

Neste sentido, revela-se nesta análise, a questão do consumismo, como parte significativa e responsável pela redução e repressão das lutas e engajamentos sociais. Esta configuração se estende até aos dias atuais, por isto pode ser enquadrada tanto na camada arqueológica, quanto na de acontecimento. Sendo que, a leitura de acontecimento ainda se estenderia para a estrutura, os formatos e tipos de manifestações de hoje, o que inclui novos padrões que se impuseram por meio da internet e as novas preocupações daí surgidas.

No entanto, pensar o consumo como sendo um discurso dominante - o que nos remete à leitura parafrástica - da nossa sociedade, se torna preocupante para a professora Célia Ladeira Mota (Fac/UnB). Assim, não seria uma leitura polissêmica, já que haveria uma única voz. Ela acredita que no Brasil não há falta de manifestações populares e que existem, cada vez mais, grupos que e se unem para lutar pelas mais diversas causas sociais.

Defende-se que, esta seria a leitura argumentativa deste trabalho, a partir das construções feitas durante a pesquisa e na escolha de autores que estudam o assunto.  Contudo, não se deixou de abordar também estas mobilizações, que não poderiam ser ignoradas. Porto recorre a Saussure, ao dizer que um mesmo significado é capaz de gerar uma pluralidade de significantes, pois seria este o modo que a polissemia opera, já que os sentidos sempre podem ser outros.

Em se tratando da abordagem exclusiva da mobilização referente à votação da PEC do trabalho escravo, optada pela particularidade do tema de trabalho proposto e devido às suas características que determinam as formas atuais de manifestação, mais detalhadas no percurso deste trabalho, procura-se trazer a leitura enunciativa, mais estritamente se referindo aos enunciadores, ou os porta-vozes do movimento. “Se o sentido dos discursos se dá no confronto entre a estrutura da língua e a presença da história, da cultura, do contexto, da tradição, os sujeitos vão dar vida narrativa a essas situações (Porto, p. 36).”


[1] As seis leituras interpretativas são também denominadas por seu autor (Sérgio Porto) de as seis leituras da cebola. Trata-se de uma construção inventiva de como se interpretar textos midiáticos, principalmente os que utilizam a metodologia da AD- Análise de discurso francesa.

 

[2] In: PORTO, Sérgio Dayrell. Análise de Discurso: O caminho das seis leituras interpretativas em massa folhada. Artigo apresentado na Universidade de Brasília, 2009.

 


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