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Etnomidialogia, neo-cidadania e a formação social do comunicador na abordagem dos grupos sócio-acêntricos e da diversidade
Ricardo Alexino Ferreira

Última alteração: 2012-08-16

Resumo


Este trabalho traz elementos abordados pelas pesquisas que defendi na Universidade de São Paulo: Os critérios de noticiabilidade da mídia impressa na cobertura de grupos sócio-acêntricos em abordagem etnomidialógica (tese de Livre-docência); Olhares negros: estudo da percepção crítica de afro-descendentes sobre a imprensa e outros meios de comunicação (tese de Doutorado) e A representação do negro em jornais no Centenário da abolição da escravatura no Brasil (dissertação de Mestrado). São pesquisas que se inserem nos estudos da Comunicação, desenvolvidos nas últimas décadas, sobre os grupos sócio-acêntricos.

 Esses trabalhos buscam entender a mídia na contemporaneidade, que tem sido marcada por intensa movimentação social e tem imposto aos profissionais de Comunicação mudanças paradigmáticas. Nesse contexto, utiliza-se aqui o termo Etnomidialogia, que tem como base de construção conceitual o entendimento dos fenômenos sociais, culturais e políticos dos diferentes segmentos da sociedade (mais precisamente os grupos sócio-acêntricos) a partir das suas representações pela mídia e também de suas auto-representações em produções midiáticas próprias.

 A diversidade é entendida a partir do termo sócio-acêntrico, que tem o sentido conceitual de segmentos sociais, étnicos, de orientação sexual e de gênero, dentre outros, que, independente da quantidade, têm pouca representação social, política e econômica (inserção no mercado de trabalho, ocupação de cargos de poder e outros) e tem como equivalentes históricos as expressões como ?minorias?, ?grupos minoritários? ou ?grupos minorizados?.

 Nesse universo de reconfigurações, o profissional da mídia demonstra muitas vezes despreparo e pouco repertório interdisciplinar na cobertura desse novo fenômeno que tem gerado os neo-cidadãos. Ou seja, indivíduos pertencentes a grupos que até os anos 1980 tinham cidadania relativa e atrelada ao conceito de igualdade e universalidade. Em contraponto ao conceito contemporâneo de cidadania que está atrelado ao sentido de diversidade e o entendimento da desigualdade.

 Esta pesquisa parte do princípio que a mídia tem poder de reforçar os conceitos sociais vigentes, inclusive a manutenção do status quo, mas também nota-se que ela tem potencial para fazer a reversão de conceitos discriminatórios e excludentes. No entanto, para que o processo de reversão ocorra é necessário introduzir nos cursos de Comunicação Social a questão da neo-cidadania e da diversidade. Um procedimento que não deve estar condicionado apenas a uma única disciplina, mas a um projeto pedagógico que tem como princípio a inter e multidisciplinaridade.

 Para que de fato isso ocorra, enquanto projeto pedagógico, é necessário que os cursos de Comunicação Social passem a reconstruir o seu campo teórico a partir dos novos elementos que se apresentam na atualidade como olhar diferenciado para o Terceiro Setor, compreensão político-social dos movimentos sociais como organizações que pautam o poder constituído e a própria mídia e o acréscimo sistêmico de novas produções bibliográficas e referenciais que apontam para o fenômeno social da diversidade, tendo como foco a construção de uma mídia comprometida com a inclusão e geradora de espaço para os neo-cidadãos.


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