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A participação feminina nas rádios comunitárias de Cabo Verde
Maria Inês Amarante

Última alteração: 2012-08-17

Resumo


Este artigo, fruto de entrevistas e pesquisas bibliográfica e documental, apresenta um panorama das rádios comunitárias de Cabo Verde, dando destaque para a participação feminina em duas delas, situadas na Ilha de Santiago: a Rádio Comunitária Voz de Santa Cruz e a Rádio Comunitária Voz de Ponta d´Agua, que emite em Praia, capital do país. As transmissões radiofônicas cabo-verdianas foram inauguradas ainda nos anos 1930. No início dos anos 1960, com a popularização dos aparelhos transmissores, o rádio evoluiu sensivelmente em número de ouvintes, promovendo uma ruptura no monopólio da informação através dos jornais impressos. Neste país lusófono constituído por dez ilhas e cinco ilhéus em meio ao Oceano Atlântico, cuja independência deu-se apenas entre 1974-75, as transmissões radiofônicas promovem a informação, educação e integração de habitantes que vivem em locais distantes dos centros urbanizados e que, em alguns casos, recebem precariamente a eletricidade. Atualmente, existem cerca de vinte rádios no país, das quais três são públicas, oito comunitárias e nove comerciais privadas. As rádios comunitárias constituem iniciativas bem recentes: quase todas surgiram após o ano 2000 com o apoio do governo e algumas organizações locais e internacionais. Elas são regidas por Decreto Regulamentar que define, entre outras prioridades, que os programas devem dar preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas que sejam a favor do crescimento da comunidade, respeitando-se valores éticos e sociais da população sem distinções raciais, religiosas ou sexistas. A maioria delas emite em língua crioula, a língua da comunicação ainda não oficializada, raramente utilizando a língua portuguesa, cujo domínio é mais escrito. A participação das mulheres na mídia é significativa e as atividades comunitárias são estimuladas pelo trabalho realizado por várias ONGs. Ao narrar suas histórias de vida dedicadas ao trabalho radiofônico, as comunicadoras revelam como venceram os obstáculos encontrados, mantendo idealismos e talentos em prol de seus bairros e suas famílias e a importância do reconhecimento social. 


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