Resumo: Por meio da mineração de dados, aliada à análise de conteúdo, propõe-se entender presença e atuação do jornal “O Popular” no Facebook, assim como a qualidade do que compartilha, e as respostas dos leitores nos comentários aos posts do veículo nessa rede.

Palavras-chave: Jornal Impresso. Redes Sociais Digitais. Qualidade. Big Data.

A atuação de veículos tradicionais de imprensa nas redes sociais digitais gera extenso material para análise em questões relacionadas à qualidade do que é produzido por esses meios para essas redes e à relação que eles mantêm com seus leitores por meio delas. A partir dessa perspectiva, a intenção deste trabalho é realizar uma primeira análise sobre a qualidade de conteúdos produzidos pelo jornal “O Popular”, veículo impresso com características tradicionais de maior circulação em Goiás, e entender as ações deste no Facebook. Para tanto, será utilizada ferramenta de mineração de big data e técnicas de análise de conteúdo a partir de apontamentos teóricos sobre qualidade jornalística. Em um cenário de transformação, em que assume-se a perspectiva de um modelo de jornalismo de comunicação (CHARRON; DE BONVILLE, 2016)79 , acredita-se que é possível identificar incongruências nas práticas adotadas por veículos tradicionais na internet. Devido à urgência da instantaneidade, abordada por Kovach e Rosenstiel (2004) e por Dines (2012), e da cultura do clique (ANDERSON, 2014), os jornais impressos têm apresentado notícias sem elementos básicos do jornalismo, desconsiderando sua responsabilidade com o interesse público. Segundo Benedeti (2009), a definição de informação de qualidade no jornalismo está diretamente relacionada ao que se espera desse tipo de informação. Guerra (2010, p. 155) escreve que há três “expectativas básicas da audiência em relação à notícia: verdade, relevância e pluralidade”. Para Guerra (2010, p. 46), “qualidade é o grau de conformidade entre as notícias publicadas e as expectativas da audiência em duas dimensões: a) dimensão privada, relativas a seus gostos, preferências e interesses pessoais; e b) dimensão pública, relativas ao interesse público como Valor-Notícia de Referência Universal”. As duas dimensões serão avaliadas no desenvolvimento deste trabalho. O desafio metodológico é o manejo da grande quantidade de dados e informações gerados na internet, o que é conhecido como big data – dados “produzidos em alta velocidade, em grande volume e imensa variedade e que costumam apresentar grande complexidade” (NASCIMENTO, 2016, p. 224). A necessidade de ordenação gera novas metodologias relacionadas à mineração de dados. Aqui, propõe-se, a partir do objetivo de analisar a atuação de “O Popular” no Facebook80, o uso da ferramenta Netvizz. A intenção é utilizar dados de uma semana de publicações, comentários e engajamento na fanpage do jornal. Trabalha-se com a hipótese de que há prejuízo de qualidade no que o jornal goiano produz para a internet, o que, inclusive seria observado e comentado pelos leitores nas redes sociais digitais. Analisar o que a mídia tradicional produz em momento de transformação e em um universo que ainda não domina, a internet, é o objetivo de trabalho maior que essa proposta inicia.

Referências:

ANDERSON, C. W. “Beyond journalism in the present tense”. Disponível em: http://www.niemanlab.org/2014/12/beyond-journalism-in-the-present-tense/. Acesso em: 26 nov. 2016.

BENEDETI, Carina Andrade. A qualidade da informação jornalística: do conceito à prática. Série Jornalismo a rigor. Florianópolis: Insular, 2009.

CHARRON, Jean; DE BONVILLE, Jean. Natureza e transformação do jornalismo. Florianópolis, Insular; Brasília, FAC Livros: 2016.

DINES, Alberto. O bumerangue da urgência. Revista de Jornalismo ESPM, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 10-11, mar. abr. mai. 2012.

GUERRA, Josenildo Luiz. Sistema de Gestão da Qualidade Aplicado ao Jornalismo: uma abordagem inicial. Debates CI Unesco, n. 5, 2010.

KOVACH, BILL; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo. 2.ed. São Paulo: Geração Editorial, 2004.

NASCIMENTO, Leonardo Fernandes. A Sociologia Digital: um desafio para o século XXI. Sociologias, v. 18, n. 41, 2016.