Última alteração: 2019-06-16
Resumo
Resumo: Este estudo analisa os significados das narrativas sobre corrupção nas revistas Veja, Época e Carta Capital durante a cobertura da Lava Jato. A hipótese é que as reportagens tornaram-se um mero espetáculo, baseado no conceito amigo-inimigo de Carl Schimitt.
Palavras-chave: Espetáculo. Escândalo. Corrupção. Narrativas Jornalísticas
Este estudo pretende analisar os significados das narrativas sobre corrupção nas revistas Veja, Época e Carta Capital durante a cobertura da Lava Jato, investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, envolvendo e prendendo executivos, empresários e políticos brasileiros. A hipótese da tese é que as reportagens sobre a Lava Jato tornaram-se um mero espetáculo midiático, baseado no conceito de guerra e embate político amigo-inimigo, definido pelo filósofo alemão Carl Schmitt, não contribuindo para o fortalecimento da democracia brasileira. A ideia é que, tanto nos textos, quanto nos comentários dos leitores dessas narrativas, não há uma ampliação da consciência crítica que compõem essa realidade, sendo a mídia uma participante ativa do jogo político e da crise que se instalou no Brasil. Para isso, serão analisadas as revistas que trazem o tema Lava Jato e personagens políticos como manchete de capa, entre março de 2014 a outubro de 2018, sendo selecionadas apenas as edições em que as histórias são fundamentais para o enredo da narrativa, representando o clímax da história ou reviravolta no caso. Nosso referencial teórico-metodológico é a Análise Crítica da Narrativa, conforme proposto pelo pesquisador Luiz Gonzaga Motta (2013). De acordo com o professor, toda narrativa tem um significado e um objetivo. E para entendermos seu real sentido, é necessário avaliar detalhes, buscar referências, olhar além do texto, contextualizar o presente e o passado. As narrativas são importantes porque elas representam, dão formas e constroem identidades. Elas estão carregadas de símbolos e poder, além de uma visão ideológica. Neste sentido, o estudo percorre o plano de expressão da análise crítica da Narrativa, destacando desde a capa de cada edição selecionada, até o conflito principal da história, passando pela construção dos personagens, heróis e vilões, a relação entre jornalismo, justiça e política, enredo, clímax, os elementos da dramatização da narrativa, como as figuras de linguagens, o uso de hipérboles, metáforas e o desfecho. No plano da metanarrativa, vamos examinar a significação da corrupção na cultura brasileira. Além disso, este trabalho realiza um estudo de recepção para analisar os comentários dos leitores sobre as capas selecionadas de cada revista publicada no Facebook da VEJA, Carta Capital e Época. A ideia é mostrar que tipo de debate as narrativas das capas fomentam na rede de cada veículo. Para isso, A metodologia empregada será hermenêutica de profundidade, conforme proposta por Thompson (1995). Para o autor, a análise da comunicação de massa e a interpretação do caráter ideológico das mensagens devem estar atentas ao que ele chama de “apropriação quotidiana dos produtos da comunicação de massa”, tendo como observação o contexto sócio-histórico da mensagem e suas formas de recepção. Como a Lava jato é o maior caso de investigação política que o Brasil já teve contra a corrupção, o estudo é inédito no sentido de verificar as práticas jornalísticas durante a cobertura e seu impacto na sociedade. Soma-se a isso, o momento oportuno para revisitar teorias e conceitos importantes no âmbito da comunicação, bem como a atual relação entre mídia, poder político e justiça.
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