Portal de Conferências da UnB, I Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação - PPGCom FAC/UnB (2017)

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INTERVENÇÕES VISUAIS URBANAS COMO PRÁTICAS DISCURSIVAS QUE RESGATAM O ATO COMUNICATIVO: GRAFITES E PICHAÇÕES NA URBE
Ursula Betina Diesel

Última alteração: 2019-06-16

Resumo


Resumo O foco é a análise e a compreensão da vivência que demarca intervenções visuais na dinâmica urbana como fenômenos de comunicação e, portanto, processos, agentes provocados/provocadores de transformação.

Palavras Chave: intervenção urbana; espaço público; ação comunicativa.

Apresentação da proposta: A proposta parte da percepção que há, nas intervenções, a busca por comunicação, interação e ação no espaço público com o desígnio de (re)elaborar valores e identidades na sociedade. Parecem constituir-se como sinais, marcas de atuação do individual (ou não) no coletivo da urbe, ocupando-a, ressignificando-a e agindo em seu universo simbólico. O foco é analisar e compreender esses processos como fenômenos de comunicação, inseridos como vivência. Como recorte, as intervenções devem preservar a transgressão como característica, isto é, ocupar o espaço de modo não institucionalizado.

Objetivos: O objetivo geral é compreender as teorias da comunicação, com enfoque no viés da semiótica, para tratar da semiose que caracteriza as intervenções urbanas visuais. Os específicos: compreender a dinâmica relação que constitui as intervenções visuais urbanas como práticas discursivas que resgatam a ato comunicativo em sua essência; fazer registro fotográfico de intervenções em capitais da América Latina; analisar constâncias e variações entre as intervenções; realizar leitura e interpretação de sua semiose; entrevistar grafiteiros, pichadores e habitantes; analisar criticamente a absorção das intervenções pela lógica de consumo.

Procedimentos Metodológicos:

A partir de um aprofundamento conceitual, se procurará conhecer diferentes angulações teóricas, resgatar aspectos históricos e analisar o fenômeno comunicativo que perpassa e constitui grafites e pichações. Na parte empírica, se fará o levantamento fotográfico e a observação da vivência de intervenções em cidades da América Latina. Agregando entrevistas, busca-se aliar a compreensão conceitual ao jogo interpretativo, procurando construir perguntas e elaborar respostas. A principal estrutura de apoio à análise será a semiótica peirceana. A atividade interpretativa deve superar qualquer intento descritivo ou classificatório e estruturar a compreensão do ato comunicativo em si. Logo, o prisma é qualitativo, com bom grau de participação do pesquisador, seja no levantamento fotográfico, na análise da semiose constituinte das intervenções e, inclusive, nas entrevistas.

Referencial Teórico:

A partir do viés norteador de inspiração semiótica peirceana, dialogando e buscando compreender diversas angulações conceituais, julga-se coerente centrar o eixo da reflexão nas noções de circulação de sentidos e semiose social (VERÓN, 1993; FERRARA, 2004; PEIRCE, 2000), fazer é dizer (AUSTIN, 1990), dialogia (BAKHTIN, 1997), ação comunicativa (HABERMAS, 1987), espaço público (SANTOS, 2006); ARENDT, 2004), heterotopia (FOUCAULT, 1999; RUSSI, 2015), comunicação (MARTINO, 2016), extensão (MCLUHAN, 2007), cultura e consumo (BAUDRILLARD, 2003; DEBORD, 1997; CANCLINI, 2013); urbe (SANTOS, 2006; HARVEY, 2004).

Resultados Esperados:

Espera-se fazer levantamento fotográfico de intervenções, a observação dessa vivência, entrevistas com envolvidos e a análise crítica desse fazer comunicativo.

Referências:

ARENDT, Hannah. A condição humana. RJ: forense universitária, 2004.

AUSTIN, John. Quando dizer é fazer. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: EDICOES 70, 2003.

BRAGA, José Luis. A prática da pesquisa em Comunicação: abordagem metodológica como tomada de decisões. In: Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. E-compós, Brasília, v.14, n.1, jan./abr. 2011.

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas. São Paulo: EdUSP. 2013.

CASTRO, P. C., FAUSTO NETO, A., HEBERLÊ, A. et al (orgs.) A rua no século XXI – materialidade urbana e virtualidade cibernética. Maceió – AL: EDUFAL, 2014

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo; comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

FERRARA, Lucrécia D. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 2004. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Só: Martins fontes, 1999.

HABERMAS, Jürgen. Teoria de la acción comunicativa. Madrid: Taurus, 1987 .

HARVEY, David. Espaços de Esperança. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HOHLFELDT. A. MARTINO, L.C.; FRANÇA, Vera V. (orgs.) Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, 2001.

MARTINO, Luiz Cláudio. O que é meio de comunicação? Uma questão esquecida. Texto apresentado no GT Tecnologias da Comunicação, da IV Conferência ICA da América Latina, realizada na Universidade de Brasília, 26 a 28 de março de 2014. Publicado nos anais do evento: ica2014.com.br Versão revisada 2016.

MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem. São Paulo: Cultrix, 2007.

PEIRCE, Charles. Sanders. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000. RUSSI, Pedro (org.) Processos Semióticos em Comunicação. Brasília - DF: Editora UnB, 2013. RUSSI, Pedro. Grafitis – Trazos de imaginación y espacios de encuentros. Barcelona: Editorial UOC, 2015.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e Tempo. Razão e emoção. São Paulo: EdUSP. 2006.

VERÓN, Eliseo. La semiosis social: fragmentos de una teoría de la discursividad. Barcelona: Gedisa, 1993.