Última alteração: 2019-06-16
Resumo
Resumo: O trabalho faz um estudo sobre a transparência, discutindo as implicações dessa perspectiva para organizações da sociedade civil. A partir da discussão, propõe categorias, indicadores e procedimentos metodológicos para análise empírica das práticas de transparência.
Palavras-chave: Organizações. Transparência. Comunicação. Visibilidade.
O estudo pretende contribuir com o debate acerca da transparência organizacional, refletindo sobre o conceito a partir de sua inextricável correlação com a comunicação e com a visibilidade mediática. A perspectiva da transparência é situada a partir de uma noção processual e das interações que envolvem as organizações. A complexidade do cenário sob análise, aprofundada ainda mais com a onipresença da Internet e de seus dispositivos, afeta diretamente o fenômeno da transparência, assinalando os limites de teorias prescritivo-normativas que se propõem a explicá-lo. Assim, o objetivo principal da reflexão é o de alargar o panorama da discussão, entendendo as nuances da transparência a partir de sua relação com as organizações, a comunicação e o poder, e propondo, a partir disso, novas arenas de investigação empírica.
Num primeiro momento, exploram-se teoricamente algumas categorias conceituais da transparência. Sobretudo, demonstra-se que o processo da transparência tem como um elemento central as organizações e suas lutas por legitimidade social. Faz-se, em seguida, uma reflexão acerca da transparência em organizações civis, entendendo-as em suas especificidades comunicacionais. A proposta é subverter a análise, tradicionalmente focada no funcionamento e necessidades de entes governamentais e empresariais. Espera-se que tal movimento ajude a mapear novas categorias, para entendermos aquilo que é designado como transparente, como um objeto sujeito à mediação de grupos políticos, os quais detêm parcelas relativas de recursos e conhecimento tanto sobre a apropriação de dados governamentais e corporativos, como sobre o gerenciamento de sua própria visibilidade. A primeira necessidade das organizações civis, afinal, é a de constituírem-se como entes capazes de alcançarem reconhecimento social. Neste percurso, a sociedade enfrenta, em geral, a escassez material de recursos, o que pode servsuperado, pelo menos em parte, pelo poder da Internet.
Em uma outra frente análise, a crescente tendência dos dados abertos, especialmente na esfera governamental, é um ganho consequente da evolução da transparência e da tecnologia, que não conta com estudos aprofundados acerca do que estes dados têm oferecido à sociedade em termos de benefícios. Avaliar tais informações de forma compreensiva e abrangente é tarefa difícil, uma vez que isso também depende de conhecimento técnico especializado acerca das dinâmicas da Internet, do fenômeno do Big Data e de análise quantitativa de dados. Mapear e compreender o que grupos e organizações civis têm feito com a transparência governamental e empresarial é projeto de investigação relevante e urgente. Afinal, diante da velocidade dos avanços tecnológicos e da imensidão de dados hoje disponibilizados aos cidadãos, pesquisas consistentes e tempestivas sobre tais dinâmicas de recepção e mediação dos conteúdos para parcelas mais amplas da sociedade podem contribuir, reflexivamente, e com a rapidez exigida por nosso tempo, para a concretização dos propalados ideais da transparência.
A ideia, assim, é de elaborar categorias de análise que permitam mensurar as capacidades institucionais e técnicas dessas organizações, bem como seus projetos e práticas vinculados à transparência. Importa conhecer, entre outros fatores, quem são esses grupos, que tipo de posicionamento mantêm em relação ao Estado e ao mercado, como manejam suas estruturas de comunicação e alcançam visibilidade social. Afinal, se em essência tais organizações precisam do discurso da transparência para validar seus ideais de defesa do interesse coletivo, é preciso saber como se adaptam às contingências e restrições materiais para realizarem uma comunicação efetiva com a sociedade.
Referências:
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