Portal de Conferências da UnB, I Jornada Discente de Pesquisa em Comunicação - PPGCom FAC/UnB (2017)

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A MÍDIA E AS MULHERES: REPRESENTAÇÃO E DISCURSO NO JORNAL O POPULAR
Lethícia Alves Faria da Silva, Simone Antoniaci Tuzzo

Última alteração: 2019-06-13

Resumo


Lethícia Alves Faria da Silva é Mestranda em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás – PPGCOM - UFG - Brasil. Graduada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Pesquisadora do Laboratório de Leitura Crítica da Mídia

Resumo

A mídia exerce importante função quanto à circulação, construção e veiculação de representações sociais. Partindo desta premissa, este trabalho propõe uma análise de discurso crítica sobre a representação da mulher na mídia impressa goiana.

Palavras-Chaves: Discurso Jornalístico; Representações Sociais; Mídia Impressa, Gênero Feminino.

Apresentação da Proposta

Considerando que é necessário prosseguir com o debate sobre as múltiplas instâncias de poder que legitimam a desigualdade de gênero, propõe-se uma análise de discurso sobre o gênero feminino no Jornal O Popular, veículo de mídia impressa goiano.

Objetivos

O escopo deste trabalho é analisar a representação social das mulheres em textos publicados no Dia Internacional da Mulher no Jornal O Popular.

Procedimentos Metodológicos

A metodologia compõe-se por pesquisa bibliográfica; pesquisa qualitativa firmada em leitura crítica da mídia e análise de discurso crítica a partir de textos veiculados no Jornal O Popular, no Dia Internacional da Mulher, 08 de Março de 2017. A pesquisa bibliográfica tem base em Flick (2009, p. 62) que a estrutura em quatro eixos: "A literatura teórica sobre o tema a ser estudado; leitura de pesquisas empíricas realizadas anteriormente sobre o tema, ou similares; literatura sobre metodologia da pesquisa; literatura teórica e empírica para a contextualização, comparação e generalização das descobertas".

Marconi e Lakatos (1986, p. 20) sustentam o caráter social do artigo que “visa melhorar a compreensão de ordem, de grupos, de instituições sociais e éticas”. A pesquisa é delimitada no eixo qualitativo, o qual permite o aprofundamento no significado das relações humanas ao trabalhar com o universo dos motivos, aspirações crenças, valores e atitudes, de acordo com Minayo (2004).

As pesquisas empíricas se baseiam nas considerações de Marques de Melo (2011, p. 20 e 21), que destaca que "a pesquisa empírica é aquela resultante dos processos de observação da realidade, ensejando conhecimento capaz de ser aplicado à práxis", e vai além elucidando que "como produtos de coletas de dados factuais, documentados e sistematizados, as fontes empíricas se convertem em instrumentos fundamentais para análise de tendências e formulação de previsões".

Elencada como objeto teórico-metodológico, a Análise do Discurso Crítica se fundamenta em Fairclough (2016), que compreende o discurso como prática social, considerando que este, permite a ação sobre o mundo e especialmente sobre os outros, como também constitui-se como um modo de representação.

Referencial Teórico

Com um histórico de luta, as mulheres têm garantido o seu espaço na vida e na sociedade. No entanto, infelizmente, muitos veículos midiáticos ainda insistem na produção ou reprodução de discursos rasos e preconceituosos, que somente mantém o status quo e constroem representações sociais que legitimam e naturalizam a desigualdade de gênero.

Neste constructo, a Teoria das Representações Sociais formulada por Moscovici (1978) será utilizada para analisar as representações da mulher no jornal escolhido, visto que, para o autor, estas configuram-se como um sistema de valores, ideias e práticas que estabelecem uma ordem que orienta as pessoas a viver e controlar o mundo material e social, além de viabilizar a comunicação entre os membros de uma comunidade, fornecendo-lhes um código para nomear e classificar os vários aspectos de seu mundo e da sua história individual e social.

A opção de estudo no jornal impresso poderia ser sustentada a partir da grande credibilidade desta mídia, mas podemos avançar, e ao nos basearmos nos estudos de Tuzzo (2016), torna-se possível compreender o papel deste veículo enquanto elemento responsável pelo embasamento noticioso de outros meios de comunicação, como televisão, rádio e internet.

Neste contexto, a maior difusão das notícias do jornal também provoca uma ampliação na construção social do veículo, visto que essas representações são amplificadas nas vozes de outros componentes do complexo midiático.

Resultados Parciais

A hipótese central é a de que a mídia, através de um discurso que celebra o empoderamento da mulher, na verdade, legitima e marginaliza identidades. Os textos jornalísticos, estariam dessa maneira, homogeneizando sentidos, promovendo certas identidade e excluindo ou silenciando outras através de um discurso que aparenta promover e celebrar a igualdade de gênero.

Referências

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 1986.

MARQUES DE MELO, José. Memória do campo acadêmico da comunicação: Estado da arte do conhecimento empírico de natureza historiadora. In: BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando J. de. (Orgs.). Quem tem medo da pesquisa empírica? São Paulo: Intercom, 2011, p. 19 a 75

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 23. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Tradução de Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

TUZZO, Simone Antoniaci. Os Sentidos do Impresso. Goiânia: Gráfica UFG, 2016.