Universidade de Brasília, angelica.fonseka@gmail.com.

Resumo: Como estudar um objeto que se reconfigura no presente e com certa imprecisão no campo da comunicação é a proposta deste trabalho. Apresenta-se o percurso metodológico traçado durante o desenvolvimento da pesquisa de mestrado sobre corpo e boa forma.

Palavras-chave: genealogia; corpo; boa forma; pesquisa em comunicação; metodologia.

Apresentação da proposta

Como construir a metodologia de um trabalho sobre corpo e boa forma em um curso de comunicação? Quais desafios podem ser enfrentados ao decorrer de uma pesquisa que investiga o presente? De que maneira a genealogia e a análise de discurso podem ser os procedimentos metodológicos de um objeto de pesquisa em transformação? Essas foram algumas inquietações enfrentadas no desenvolvimento da dissertação “Sua melhor versão de si: os sentidos e as práticas da boa forma na contemporaneidade”, apresentada como trabalho final para obtenção do título de mestre no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação na Universidade de Brasília.

Objetivos

A partir desses questionamentos, surge o objetivo principal deste artigo, compartilhar com os discentes os desafios e as soluções metodológicas encontradas para o problema de pesquisa: de que maneira a boa forma ‒ nas diferentes definições, nos vários sentidos e nas etapas da vida ‒ pode ser integrada em um campo de práticas e cuidados de si, ocupando lugar central na constituição da subjetividade contemporânea.

Diante disso, apresenta-se a genealogia e a análise de discurso como perspectivas para compreender e suspender discursos e imagens da atualidade relacionados ao corpo e à boa forma, a fim de criar um solo de problematização que apresenta as forças em disputa que engendram sentidos aos modos de ser e estar do sujeito contemporâneo.

Procedimentos metodológicos

A proposta deste trabalho é mapear os deslocamentos metodológicos do objeto em três momentos da pesquisa. O primeiro no momento da submissão do projeto de pesquisa na seleção de mestrado (2014). Depois o artigo desenvolvido pela autora, “Genealogia e Análise de Discurso: desafios metodológicos para estudar as subjetividades e a cultura do corpo”, publicado no livro “Em busca da consciência metodológica: limites e possibilidades da pesquisa em comunicação” (FREITAS, NEGRINI, GERALDES et al., 2015). E por fim, na dissertação apresentada no ano de 2017.

Referencial teórico

Pelo olhar genealógico sob a perspectiva de Michel Foucault (1982), buscou-se entender os sentidos, valores, discursos e objetos de análise como fluidos, visando antes compreender o solo e as condições de possibilidade que permitiram a emergência de certas “verdades”. Momento tradicionalmente vivido sem restrições alimentares ou comportamentos que visassem ao corpo, problematizar e compreender este cenário demandam imagens deste deslocamento. Analisou-se programas televisivos, empresas, notícias, digital influencers relacionados à temática, tais como “Câmera Record – Grávidas Saradas”, Izabella Falconi, Gabriela Zugliani e a Birthfit com base na Análise de Discurso (AD) (BAUER, 2002) pelo viés da Escola Francesa, principalmente Foucault (2005, 2009).

Resultados esperados

No âmbito da Jornada Discente, busca-se formalizar o processo de construção de uma consciência metodológica, compartilhando os aprendizados e as escolhas de perspectivas poucos usais na comunicação como a genealogia. Diante disso, objetiva-se incentivar o enfretamento de problemas de pesquisa pouco dóceis por se encontrarem em processo de desenvolvimento, pois só a partir do entendimento e da suspensão do presente pode-se captar as rupturas e continuidades da sociedade contemporânea. Além disso, apresentar superações e novos caminhos para pesquisas com essa abordagem corroboram com a produção coletiva do campo da comunicação.

Referências

BAUER, M. W.; GASKELL, G. (edts.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

___________. A arqueologia do saber. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2005.

___________. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 2009.

LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber – manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Belo Horizonte: Artmed, 1999.