Última alteração: 2017-12-06
Resumo
Orientador/a: MARCIA RENATA MORTARI
Colaboradores: Andreia Biolchi Mayer
INTRODUÇÃO
A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos na região da Substância negra, associada à desenervação dopaminérgica da região do Estriado e sendo responsável por alterações na atividade dos gânglios da base e conseguintemente levando a disfunções motoras. O glutamato por sua vez possui um papel relevante nesse processo, ao atuar nos Núcleo Subtalâmico, a sua desregulação leva a hiperativação de suas projeções e ao aumento de sua concentração no espaço extracelular levando a neurotoxicidade. Nesse sentido, um composto que aja regulando essa via pode ser uma alternativa significante para o tratamento da DP. A Fraternina-10 (Fra-10), peptídeo sintético isolado da peçonha da vespa Parachatergus fraternus, apresenta um promissor efeito neuroprotetor para o tratamento da DP. Logo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a neurotoxicidade do composto, bem como elucidar o seu mecanismo de ação por meio de técnicas de ligação e captação de glutamato.
METODOLOGIA
Os estudos realizados neste trabalho seguiram as diretrizes e os Princípios Éticos na Experimentação Animal o qual foi submetido à Comissão de Ética no Uso Animal da UnB (CEUA/UnB). Na avaliação neurotóxica do peptídeo Fra-10, que poderiam impedir a performance motora dos animais, foram utilizados camundongos Swiss (Mus musculos) machos separados em dois grupos experimentais. O primeiro grupo foi selecionado para o tratamento com administração do composto por via intracerebro ventricular (i.c.v) com o auxilio de uma cânula guia em três doses diferentes, 0,36, 1,8 e 3,6 nmol. O segundo grupo foi considerado o controle saudável e ao invés da administração do peptídeo, foi usado o veículo (água miliq) por via i.c.v. Os possíveis efeitos neurotóxicos foram avaliados por teste de coordenação motora no aparelho Rotarod. A determinação do mecanismo de ação da Fra-10 seguiu o método descrito por Bermejo et al., 2014 com o uso de membranas cerebrocorticais de Ratos Wistar (200-250g).
RESULTADOS
Na avaliação do efeito neurotóxico do peptídeo Fra-10, os animais que receberam o tratamento com o composto desenvolveram comprometimento motor, ao passo que nas doses de 0,36 nmol, 1,8 nmol e 3,6 nmol os camundongos obtiveram uma menor taxa de desempenho motor durante o teste de permanência no aparelho Rotarod. No entanto, o grupo que recebeu a dose de 1,8 nmol obteve a melhor performance no teste, visto que os resultados foram os que mais se aproximaram do grupo sadio. Além disso, para os testes de identificação do mecanismo de ação da Fraternina-10, o peptídeo não demonstrou afinidade com o receptor de glutamato, visto que os resultados dos testes in vitro demonstraram que o composto não apresentou competição com o 3H-Glutamato, controle negativo, nos ensaios de ligação ao receptor em 6 concentrações crescentes, sendo elas 1, 10 e 100nM e 1, 10 e 100µM.
CONCLUSÃO
Existe hoje a necessidade de desenvolvimento de novas formas de tratamento para doenças neurodegenerativas, em especial a DP, principalmente devido limitação de fármacos mais eficazes para essa doença. O peptídeo Fraternina, identificado por Biolchi (2012), apresentou promissor efeito neuroprotetor dose-dependente e alto potencial como fármaco-modelo no delineamento de compostos neuroprotetores. Nesse sentido, a Fraternina-10, peptídeo sintético produzido a partir da Fraternina, foi sintetizado com o intuito de ser menor e que seja de maior interesse para a indústria farmacêutica. No entanto, os resultados deste trabalho demonstraram que o composto apresentou comprometimento motor em camundongos sadios nas três doses administradas e não obteve afinidade com o receptor de glutamato nos testes in vitro realizados.Porem, ainda são necessários novos testes para avaliação da eficácia da Fra-10, podendo ela agir de forma alternativa impedindo a ativação de outras vias de morte neural.