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Cozinhas contemporâneas brasileiras: uma “viúva grávida”?
Última alteração: 2022-10-09
Resumo
Este artigo aborda mudanças socioespaciais envolvendo cozinhas de três tipos de residências contemporâneas prevalentes em esferas sociais médias e altas, mediante o estudo de casos que informam sobre modos de viver impregnados no espaço doméstico ao longo de meio século em cidades do Nordeste brasileiro: casas de conjuntos habitacionais construídas nos anos 1970-1980 que sofreram reformas até 2018; casas projetadas sob encomenda em condomínios fechados; apartamentos oferecidos pelo mercado imobiliário nas últimas duas décadas. Espaços-chave foram analisados em seus aspectos geométricos (área, quantidade, posição) e topológicos (conexões, integração, distributividade) em perspectiva sincrônica e comparada a estudos da casa brasileira, com ênfase na relação entre a cozinha e o todo do arranjo espacial doméstico. O interesse pelo espaço utilizado para a preparação das refeições partiu da constatação de uma intensa variação em suas características geométricas e topológicas recentes, considerando fontes resultantes da experiência profissional dos autores – ensinar, pesquisar, projetar. Achados apontam para uma acomodação ou negociação de status e papéis sociais antigos e novos, materializados em mudanças na disposição geométrica e topológica das cozinhas, comparativamente a moradias anteriores, sinalizando o surgimento de novos modos de interação doméstica, paralelamente à persistência de atributos herdados de longa data.
Palavras-chave
Espaço Doméstico; Casa Brasileira; Cozinha; Sintaxe do Espaço.