Portal de Conferências da UnB, VI SEMINÁRIO HISPANO-BRASILEIRO DE PESQUISA EM INFORMAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO E SOCIEDADE

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O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS PELO WEBJORNALISMO NO DF
Larissa da Rocha Martins, Márcio Bezerra Da Silva

Última alteração: 2017-10-10

Resumo


1 Introdução

Em decorrência do crescimento da Internet, especialmente pela produção de conteúdos e posterior visibilidade proporcionada pelas mídias sociais, em contextos sociais, políticos e/ou econômicos, as inter-relações online tornaram-se comuns na troca de informações, em um mundo cada vez mais globalizado. Além disso, por se tratar de uma forma de comunicação, por vezes descentralizada, na qual todos podem produzir e/ou compartilhar conteúdos informativos, as mídias sociais se tornaram atrativas e contemporâneas aos usuários dos tempos atuais, evoluindo de espaços de relações pessoais entre amigos para ambientes de contatos profissionais, por exemplo. Como consequência, tendo em vista a propagação e/ou o acesso instantâneo das informações pelos usuários, em números exponenciais, instituições aderiram as mídias sociais para estreitar os laços com o público alvo.
Diante dessa revolução, no modo de se comunicar, as mídias tradicionais tiveram que se adaptar/migrar, passando a produzir e fornecer um jornalismo digital (online), por exemplo, ação que se estende a confecção e disseminação de informação pelas universidades e organizações. Primo e Träsel (2006, p. 4) partem do pressuposto de que “[...] as tecnologias digitais têm servido como motivador para uma maior interferência popular no processo noticioso. Tal processo tem como fator inicial a ampliação das formas de acesso à Internet [...]”.
Não apenas na produção de conteúdo, as mídias sociais estimulam a criação de perfis online como uma forma de comunicação, transcendendo do mundo físico para o digital. Neste caso, empresas jornalísticas, por exemplo, disponibilizaram perfis próprios, em seus portais (websites), com o objetivo de permitir que os usuários, leitores da reportagem, compartilhem os conteúdos oferecidos diretamente em seus perfis pessoais, de mídias sociais como Facebook e Twitter .
A supracitada realidade, das empresas jornalísticas, pode ser facilmente identificada no país, por meio dos seus portais de notícias, criando o interesse particular em vislumbrar tal inferência no território do Distrito Federal (DF) . Para tanto, o presente trabalho assumiu como objetivo geral analisar o uso das mídias sociais disponibilizadas no portal de notícias do G1DF , a partir de uma metdologia constituída pelo método dedutivo, pelas técnicas de pesquisa exploratória e bibliográfica, além da abordagem de coleta de dados qualitativa a partir da aplicação de um questionário semiestruturado no período de oito de junho até 19 de junho de 2017.

2 Fundamentação teórica

O conhecimento seja gerado é necessário que a informação seja disponibilizada, absorvida e agregada cognitivamente por cada indivíduo. O fluxo percorrido pela informação, está diretamente relacionado a outro movimento: o da comunicação. Silva e Ribeiro (2002, p. 29) afirmam que a comunicação foi entendida como um processo que está em potência, se atualizando somente quando há interação entre indivíduos, em que o material de intercâmbio seria a informação.
Essa interação entre os indivíduos vem acompanhando a evolução dos meios de comunicação, indo ao encontro da necessidade de se comunicar à distância, em espaços de tempo cada vez menores, por exemplo. Neste panorama, a invenção da eletricidade possibilitou a criação de meios de comunicação mais eficazes como o telégrafo, o rádio, o telefone e a televisão, quanto a distância entre as pessoas e o tempo de acesso. Sendo assim, de acordo com as ferramentas de comunicação supracitadas, além de se comunicar por meio da escrita e da fala, também se tornou possível a comunicabilidade audiovisual, tornando-se cada vez mais dinâmica a partir do advento das recentes tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Perante as possibilidades oferecidas pelas TIC, especialmente com o surgimento da Internet e evolução da World Wide Web (WWW), é possível identificar mudanças na forma de comunicação entre os indivíduos, emergindo novos canais onde a interação e a colaboração ganham destaques. Encorajados por espaços que potencializam essas características, os usuários da web 2.0 alcançaram autonomia nos processos informacionais, viabilizando a construção da inteligência coletiva, fomentada por uma espécie de democratização do acesso à informação.
Web 2.0 é a revolução de negócios na indústria da computação causada pela mudança da internet como plataforma e a tentativa de entender as regras para o sucesso nesta nova plataforma. A principal regra entre elas é: construir aplicações que se melhorem aproveitando os efeitos da rede conforme mais pessoas usarem. (O’REILLY, 2006, grifo nosso, tradução nossa)
Neste contexto, o desenvolvimento de ferramentas de comunicação e colaboração coletiva, especialmente as que ampliam as possibilidades interativas, ou seja, as redes conhecidas como mídias sociais, se tornaram características da web 2.0, proporcionando impressões sobre a visibilidade e satisfação dos usuários em relação aos produtos, serviços e informações publicadas. Sendo assim, as mídias sociais foram se tornando canais midiáticos de significa projeção entre os indivíduos, de todo mundo, intensificando os fluxos informacionais entre àqueles que fazem parte da rede, entre leitores, produtores e proprietários do espaço digital.
Conforme a visão de Kaplan e Haenlein (2010, p. 61, tradução nossa), encara-se a mídia social como “[...] um grupo de aplicações baseadas na internet, construídos com base nas fundações tecnológicas e ideológicas da web 2.0 que permitem a criação e a troca de conteúdo gerado pelo usuário”, tendo como exemplos o Facebook , o Twitter e o Instagram .
As características de mídias sociais passaram a ser implementados nos portais de notícias, deflagrando o webjornalismo, também chamado de ciberjornalismo ou jornalismo colaborativo. Segundo Primo e Träsel (2006), desde a sua criação, o webjornalismo passou por três etapas de desenvolvimento dos veículos de notícias. A primeira delas é o período onde se fazia apenas a transposição do modelo impresso para as redes digitais, ou seja, as notícias seguiam o padrão de texto e diagramação do jornal tradicional, agregando poucos recursos para interação com o leitor, em geral apenas e-mail e um menu de navegação, mas também fóruns e enquetes. Na segunda fase, apesar de ainda seguir o padrão de texto da edição impressa, os jornais online passaram a oferecer recursos de hipermídia, listas de últimas notícias e matérias relacionadas, bem como conteúdos exclusivos para a versão online. No caso da terceira e atual geração, as publicações online sofreram influência da web 2.0, incorporando a hipermídia à produção de texto, aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade graças a convergência das mídias sociais no prisma digital, além da distribuição do conteúdo em outras plataformas como smartphones e tablets.
Em meio a essas necessidades, o webjornalismo se encontra inserido nas mídias sociais, proporcionando uma atualização contínua e personalizada da informação, possibilitando a associação e sugestão de notícias por meio de hiperlinks, além de ampliar o debate virtual e monitorar os conteúdos gerado pelos leitores.

3 Resultados da pesquisa

Os dados coletados e analisados se deram a partir da visão da profissional responsável pelo gerenciamento e publicações nas mídias sociais do portal estudado, via aplicação de um questionário semiestruturado e categorizado em três partes: uso pessoal das mídias sociais, setor de atuação do pesquisado na Instituição e uso das mídias sociais na perspectiva profissional.
Quanto ao uso pessoal das mídias sociais, a pesquisada mencionou as aplicações Facebook, Twitter, Instagram e Snapchat ; e que as suas postagens e compartilhamentos de informações são de conteúdo próprio, tais como fotos, além de notícias e histórias que julga interessantes (legais).
No que se refere ao setor de atuação, a investigada informou que atua na Rede Globo Brasília há mais de três anos; informou que não trabalhou em outro setor anteriormente; que trabalha há mais de três anos, em consonância com a questão de número três; e respondeu que trabalha como produtora de reportagem.
Referente ao uso profissional das mídias sociais no portal de notícias G1DF, a pesquisada confirmou positivamente que existem mídias sociais no citado portal; citou apenas o Facebook , entretanto, vale salientar que, na realização de uma simples busca na Internet sobre mídias sociais, foram encontrados perfis dedicados ao portal de notícias estudado, especificamente o Instagram e o Twitter ; que a escolha pelo Facebook ocorreu pelo grande alcance da citada plataforma, sendo a ideal para o compartilhamento de notícias e vídeos; que desde o dia 19 de junho de 2017, as publicações do Facebook são atualizadas diariamente, durante todo o dia; que o conteúdo publicado na página DFTV , BOM DIA DF e G1DF é exclusivamente noticiário local, ou seja, apenas o que acontece ou é de relevância para o público brasiliense; e que são postados vídeos curtos mostrando os bastidores da notícia e convidando o usuário a assistir o jornal ou acessar o G1.
Parece que as mídias sociais, citadas pela jornalista, são por ela desconhecidas e/ou ainda não foram lançadas oficialmente. Entretanto, vale destacar a valorização das referidas mídias sociais a partir do impacto dos smartphones, sendo uma realidade quase que indissociável entre mídias sociais e dispositivos móveis.

4 Considerações Finais

Concluiu-se que, apesar da presença de mídias sócias, especialmente quantos aos dados levantados sobre o Facebook, parece não haver uma sintonia entre os envolvidos com o portal de notícias, não é explorado o potencial das mídias sociais identificadas e não há uma verdadeira interação com o público, centrado apenas em uma espécie de replicação de conteúdos. A partir da absorção e solução das supracitadas negativas, acredita-se em uma melhor dinâmica do portal junto a essas ferramentas digitais, especialmente quanto a divulgação dos produtos e serviços ofertados, não apenas pelo G1DF, mas pelo conglomerado midiático.
Com base nos dados levantados e analisados foi possível perceber algumas lacunas nas respostas da jornalista, fazendo com que hipóteses fossem idealizadas, criando uma luz de continuidade a investigações sobre a temática aqui discutida, não apenas no ambiente do presente trabalho, mas em outros espaços digitais jornalísticos, bem como nos ambientes promovidos pelas bibliotecas na Internet, tais como o próprio website, periódicos científicos, bases de dados, bibliotecas digitais, repositórios institucionais etc., pois as mídias sociais podem ser implementadas em qualquer espaço onde exista um fluxo de comunicação com fins de disponibilização e disseminação de informação.
Uma das possíveis investigações futuras seria estudar o uso das hashtags nas mídias sociais pelo G1DF, visto que, independente da temática abordada nas postagens/matérias, as hashtags usadas são (sempre) as mesmas pelo portal de notícias, ou seja, #G1DF #DFTV, visando a promoção da Rede Globo DF e não dos assuntos tratados.

Referências
KAPLAN, A. M., & HAENLEIN, M. Users of the world, unite! The challenges and opportunities of Social Media. Business Horizons, v. 53, p. 59-68. 2010. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2017.
PRIMO, A; TRÄSEL, M. R. Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Contracampo (UFF), v. 14, p. 37-56, 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2017.
SILVA, A. M. da; RIBEIRO, F. Das 'ciências' documentais à ciência da informação: ensaio epistemológico para um novo modelo curricular. Porto: Afrontamento, 2002.

Palavras-chave


Web 2.0; Mídias Sociais; Webjornalismo; Webjornal; G1DF