Última alteração: 2017-09-08
Resumo
A trajetória do esporte para as pessoas com deficiência teve inicio após a II Guerra Mundial, com o neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, que viu no esporte uma possibilidade de ressocialização e valorização de veteranos de guerra que sofreram injúrias medulares que os impossibilitaram de desempenhar a maioria das atividades. Esses foram os primeiros passos do surgimento do evento esportivo mais importante para as pessoas com deficiência em âmbito mundial. Compreendendo, assim, o esporte como um fenômeno socio-cultural, possibilita-se apresentar a todos os esportes praticados pelas pessoas com deficiência, possibilitando a inclusão e o respeito às diversidades intelectuais, físicas e sociais. O presente trabalho tem como objetivo relatar a oficina de Esportes Paralímpicos desenvolvida na cidade de Marianópolis do Tocantins no Projeto Rondon/Operação Tocantins, em janeiro/fevereiro de 2017. Além disso, analisar a relevância da oficina para o contexto social do município. A oficina foi baseada em 4 modalidades desenvolvidas nas Paralimpíadas Rio 2016 (bocha, futebol de 5, goalball e vôlei sentado). Foram realizadas 5 edições dessa oficina - 3 na zona urbana e 2 nos assentamentos -, com duração de aproximadamente 1h. Inicialmente, foram apresentados os objetivos da oficina e abordadas temáticas sobre os esportes paralímpicos, através de debate e reflexão sobre as capacidades físicas e funcionais dos atletas que participaram do evento, problematizando os preconceitos. O público foi separado em grupos conforme o número de pessoas e disponibilidade de rondonistas. A partir da primeira oficina realizada já foi perceptível que os alunos nunca haviam escutado ou visto algo relacionado aos esportes paralímpicos. Ao serem apresentadas as modalidades esportivas, destacou-se a empolgação na execução das práticas propostas. A vivência desses esportes possibilitou desafiá-los, tendo que utilizarem de seus sentidos (como, audição e tato) para o cumprimento das tarefas, levando-os a superarem seus limites. Através do trabalho coletivo, foi incentivada a comunicação entre os participantes para que chegassem na resolução das dificuldades. No decorrer e no final da oficina houveram momentos de reflexão, vindo os alunos a ter espaço e voz naquele meio. Foram levantadas questões sobre: o nível de dificuldade da prática das quatro modalidades; o nível de treinamento dos atletas; a diferença entre limitação e incapacidade; e as formas de inclusão. Portanto, observou-se que através da oficina de esportes paralímpicos os alunos tiveram o seu primeiro contato com esse outro universo esportivo, vivenciando e explorando as diferentes possibilidades de um contexto sócio-cultural pouco visto pela sociedade.