Portal de Conferências da UnB, III Congresso Nacional do Projeto Rondon

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LAÇOS ATEMPORAIS: ABERTURA DE DEBATE PARA DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE ELABORAÇÃO DO VÍNCULO ENTRE UNIVERSIDADE E COMUNIDADE
Laura Marzullo dos Santos

Última alteração: 2017-09-18

Resumo


Essa escrita busca levantar questões a respeito de como pode, o Projeto Rondon, pensar a respeito dos efeitos dos espaços de acolhimento e da consequente desvinculação que as operações geram na população-alvo, em especial nas crianças. Sabemos que é a partir do contato direto entre coordenadores, estudantes, influências locais e população em geral que as atividades se estabelecem. Para além das atividades realizadas nas escolas, nos CRAS e em outros espaços comunitários, priorizam-se também momentos de interação direta com a população, principalmente em locais como praças centrais, por exemplo. Nessas ocasiões, é comum a presença de inúmeras crianças que, tomadas pela novidade que o Projeto Rondon simboliza, aproximam-se dos rondonistas tanto por curiosidade, quanto para encontrar, nessas figuras, o lugar de quem as incentive a construir um objetivo de vida. Desse modo, elas passam a frequentar intensamente as atividades propostas e também incentivam seus pais, avós, vizinhos e adultos em geral a integrá-las. Elas representam, assim, grande parte do potencial da iniciativa e, por isso, acredita-se que a elas devemos destinar parte considerável da nossa atenção. Ainda que desde o princípio a população esteja a par de que nosso tempo de atuação na cidade tem data de início e de fim e ainda que haja espaço de despedida, a desvinculação costuma ser muito mais penosa para as crianças do que para os adultos. Dias depois do término da Operação Forte dos Reis Magos[1], a partir das redes sociais como Facebook e WhatsApp, houve a divulgação de vídeos que exibiam muitas crianças chorando nos centros dessas cidades, sem saber lidar com a perda dos vínculos que recém haviam desenvolvido. Notou-se, a partir desse material, a presença de sofrimento intenso e a questão resultante disso foi: como pode, o Projeto Rondon, desenvolver estratégias para amparar esses pequenos, a fim de tornar a experiência de participação no projeto ainda mais gratificante? Seria possível criar uma rede de integração que colocasse as pessoas atingidas pela iniciativa em contato constante, mesmo depois de seu término, já que vivemos em tempos de acesso a tecnologias diversas?  Questões como essas, ainda que não tenham respostas, podem atuar como dispositivos para que pensemos juntos a problemática e, a partir dela, tornemos o Projeto Rondon um espaço social de troca de conhecimento e de afetos entre universitários e população-alvo ainda mais frutífero!


[1] Realizada no interior do Rio Grande do Norte, em julho de 2016.


Palavras-chave


debate, estratégia, crianças, acolhimento, vínculo, integração, sofrimento, afeto

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