Portal de Conferências da UnB, Mostra Científica do Congresso Brasileiro de Saúde Integrativa e Espiritualidade

Tamanho da fonte: 
MEDITAÇÃO E CONTROLE DE ANSIEDADE: POTENCIAL TERAPÊUTICO EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Marcella Ferreira Pantuzza, Jacqueline Aparecida Parreira de Castro, Ana Claudia da Silva

Última alteração: 2021-07-10

Resumo


Introdução: A ansiedade é um sentimento de medo vago e desagradável que se manifesta como um desconforto ou tensão decorrente de uma antecipação do perigo ou de algo desconhecido. Além disso, é caracterizada por uma mistura de pensamentos, informações e, também, de precipitações de afazeres, sendo considerada um transtorno quando seus níveis são excessivos ou persistem por longo período, a partir de quando ela pode ser classificada em dois grandes grupos: ansiedade constante/permanente e crises de ansiedade abruptas, mais ou menos intensas5. Dessa forma, o uso da meditação por parte dos profissionais da saúde pode servir como um aliado no controle da ansiedade, pois é uma técnica promotora de saúde, bem-estar e prevenção de doenças7.  Objetivos: Revisar a literatura, a fim de analisar se há evidências que comprovam que o uso da meditação pode contribuir no controle da ansiedade em profissionais da saúde. Ademais, pesquisar evidências que comprovam ou não o uso da meditação para o controle da ansiedade em profissionais da saúde e abordar os resultados obtidos com a prática da meditação em profissionais de saúde. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática de metanálise, cujo objetivo é responder uma pergunta específica de forma imparcial, objetiva, a fim de se tornar passíveis para a reprodução2. A pesquisa será realizada a partir de artigos científicos, de 2015 até a presente data, pesquisados nas bases de dados: PubMed, Scielo, Google Acadêmico e PEDro.  Para os critérios de inclusão serão utilizados artigos publicados em português e inglês, contendo as seguintes palavras chaves: ansiedade, controle, meditação, healthcare workers, médicos, fisioterapeutas e enfermeiros. Os critérios de exclusão serão artigos anteriores ao ano de 2015. Desenvolvimento: Na prática dos profissionais da saúde, devido ao elevado grau de responsabilidade, ou seja, uma cobrança excessiva, cargas horárias extensas e a existência de poucas atividades complementares que visem auxiliar estes trabalhadores, muitas vezes é possível observar níveis elevados de estresse neste grupo. Dessa forma, a prática da meditação pode proporcionar um bem estar físico, emocional, mental, social e cognitivo, concomitantemente pode-se associar estes benefícios ao controle da ansiedade nestes profissionais1. A meditação é uma técnica que promove saúde, prevenção de doenças e bem-estar, é realizada por meio de treinamento da autorregulação da atenção, onde o indivíduo irá desenvolver a capacidade de identificar e gerenciar os seus processos mentais e comportamentais7. Em relação aos sintomas da ansiedade estão incluídos os pensamentos negativos, o “frio na barriga” e o medo diante de situações de risco3. Além disso, a ansiedade é um sentimento desprendido de teor desagradável e inquietação sendo caracterizada por pensamentos contraditórios ou de um complexo de informações, preocupações ou então de precipitação na realização de atividades rotineiras. Outrossim, a ansiedade é considerada, em uma associação popular, quando o indivíduo está vivenciando um momento devido à excessiva excitação do sistema nervoso central e, consequentemente, é a apresentação de uma situação de angústia sendo, desse modo, considerada o grande sintoma de característica psicológica3. Entretanto, a ansiedade pode afetar a saúde física, mental e profissional dos indivíduos, principalmente, dos profissionais da saúde e isso acontece devido às longas jornadas de trabalho, à cobrança excessiva e a falta de atividades complementares que visem auxiliar estes trabalhadores. Ademais, a ansiedade está associada ao estresse e, como consequência, vários fatores são gerados, por exemplo, insônia, comprometimento do rendimento profissional, alterações intestinais e frustração5. Diante desse contexto, todos os esforços que combatam o adoecimento do trabalhador da área da saúde são de suma importância e extremamente fundamentais. Sendo que a maioria dos estudos tem como foco os problemas relacionados à saúde física e mental dos profissionais, bem como os mecanismos de enfrentamento do estresse, têm contribuído para melhor compreensão da situação laboral dos profissionais desta área e para o início da conscientização dos gestores quanto à importância da criação de medidas de prevenção para o ambiente de trabalho, pois pode o considerar como extremamente estressante e com muitos fatores, como instabilidade e agravamento de saúde dos pacientes, falta de insumos, procedimentos de alta complexidade, que podem predispor a depressão e a ansiedade entre os trabalhadores6. As práticas integrativas são consideradas tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir doenças que abrangem desde a hipertensão até a depressão. Pode-se citar como exemplos destas atividades o reiki, a meditação, a musicoterapia entre outras. Nesse viés, enfatiza-se a meditação que é realizada pelo ato de meditar como um treinamento da autorregulação, o qual se dá por meio de práticas corporais e mentais voltadas para o treinamento da atenção e da consciência no momento presente. Assim, a meditação produz algum relaxamento e desenvolve um maior bem-estar e/ou capacidades mentais específicas de acordo com o objetivo da prática. Dessa forma, infere-se que o uso da meditação por parte dos profissionais da saúde pode servir como um aliado no controle da ansiedade, pois é uma técnica promotora de saúde, bem-estar e prevenção de doenças7. Além disso, esta prática traz benefícios para o sistema cognitivo, promove a concentração, auxilia na percepção sobre as sensações físicas e emocionais e, consequentemente, amplia a autodisciplina no cuidado à saúde1. Devido às condições que os profissionais da saúde estão submetidos, como lidar com situações extremas para o cuidado do paciente, lidar com diversas perdas e presenciar o sofrimento das famílias, bem como jornadas de trabalho extensas, capacidade de liderar, sobrecarga de afazeres, contribui com quadros de ansiedade abruptas ou até mesmo constantes, que pode permanecer por longos períodos no cotidiano do profissional5. Diante disso, não tão raro encontra-se na literatura casos de profissionais ansiosos, com prejuízo nas relações sociais de trabalho afetando negativamente em sua prática laboral e influenciando o surgimento de transtornos de ansiedade. Vale ressaltar que a ansiedade é considerada um sentimento comum do ser humano, entretanto, caso se torne excessiva, como no caso dos profissionais de saúde, com manifestações intensas em situações comuns do dia a dia do trabalho, pode se tornar uma ansiedade patológica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, dentre as principais causas de incapacitação no mundo, a maioria está ligada aos Transtornos Mentais, como depressão, ansiedade, esquizofrenia, dentre outras doenças. Neste sentido, o Brasil é considerado o país com mais diagnóstico de ansiedade no mundo, além de ser o quinto país com mais pacientes em depressão. Além disso, muitas vezes é exigido desses profissionais capacidades para lidar com a prática e a assistência de sua população do território, como o pensamento mais acelerado, além de ser ágil, conseguir liderar com eficiência, bem como resolver diversas situações caóticas sob pressão do tempo, podendo causar sofrimento mental, tensão e ansiedade4. Diante desse dado significativo, a prática de meditação, observado em diversos estudos, nos mostra a associação entre o bem-estar físico, psicológico nos pacientes, além de promover o controle da ansiedade e prevenir diversas doenças5. Diante do exposto, fica claro, portanto, a importância da saúde mental e a necessidade de atuarmos na promoção e prevenção dos transtornos de ansiedade nos profissionais da saúde, visto que tal situação compromete seu bem-estar biopsicossocial, bem como interfere em sua prática clínica, nas relações e vínculos necessários para uma boa prática. Sendo assim, o uso da meditação é uma grande ferramenta para prevenir e controlar casos de ansiedade patológica, além contribuir com o bem-estar, hiperatividade e até mesmo prevenir sintomas depressivos nos profissionais1. Consideração: A revisão realizada aponta que a literatura considera a meditação como um importante instrumento de fortalecimento físico, emocional, mental, social e cognitivo, trazendo benefícios para diversos sistemas. Dentre eles, o sistema cognitivo, promovendo a concentração, auxilia na percepção sobre as sensações físicas e emocionais ao ampliar a autodisciplina no cuidado à saúde. Enfatiza-se que as Medicinas Tradicionais e Complementares são compostas por abordagens de cuidado, além de recursos terapêuticos, que se desenvolveram ao longo dos anos e possuem grande importância na saúde global. Além disso, promove o bem-estar, o relaxamento, a redução do estresse, bem como da hiperatividade e dos sintomas depressivos1. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2019), o Brasil é o país que apresenta o maior número de pessoas com ansiedade no mundo, cerca de 9,3% da população. Ademais, é importante ressaltar a necessidade de voltar a atenção para as demandas trabalhistas que os profissionais de saúde são expostos, estendendo desde a sua formação acadêmica, até a sua inserção na rede de assistência à saúde. Além disso, o papel social conferido a estes profissionais somado à precariedade do sistema de saúde brasileiro faz com que eles não deem prioridade à própria saúde física e mental5. Diante disso, é notório que os profissionais da saúde passam por fatores que desencadeiam o início da ansiedade, como: intensas jornadas de trabalho, lidam com pressões psicológicas e cobranças excessivas6. O uso de práticas integrativas, principalmente a meditação, torna-se um aliado para patologias que afetam a saúde mental, uma vez que produz efeitos de relaxamento, promove bem-estar, e apresenta outros inúmeros benefícios para a saúde emocional7. A prática da meditação, portanto, pode ter potencial terapêutico suficiente para intervir na ansiedade dos profissionais da área da saúde, porém os estudos de revisão sistemática de metanálise até o momento são escassos sobre esse tema. Esses resultados contribuem para a necessidade de se desenvolver estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento desse transtorno em busca de melhorar a saúde mental destes trabalhadores, contribuindo para um melhor desempenho profissional e êxito em sua vida pessoal e social.

Referência Bibliográfica:

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Brasília, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html#:~:text=A%20medita%C3%A7%C3%A3o%20constitui%20um%20instrumento,autodisciplina%20no%20cuidado%20%C3%A0%20sa%C3%BAde. Acesso em 09 nov. 2020.

2. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. Disponível em: <https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todos-e-tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2020

3. LOPES, K. C. DA S. P.; SANTOS, W. L. DOS. Transtorno de ansiedade. Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 1, n. 1, p. 45-50, 25 jun. 2018. Disponível em: <https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/47/14>. Acesso em: 09 nov. 2020.

4. MOURA, Adaene et al. Fatores associados à ansiedade entre profissionais da atenção básica. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, n. 19, p. 17-26, jun.  2018.   Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602018000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 nov.  2020.

5. SAMPAIO, L. R.; OLIVEIRA, L. DE. C; PIRES, M. D. N. Empatia, depressão, ansiedade e estresse em Profissionais de Saúde Brasileiros. Cienc. Psicol., Montevideo, v. 14, n. 2, e2215, 2020.   Disponível em <http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1688-42212020000210204&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 nov.  2020.

6. SCHMIDT, D. R. C.; DANTAS, R. A. S.; MARZIALE, M. H. P.. Ansiedade e depressão entre profissionais de enfermagem que atuam em blocos cirúrgicos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, vol.45 no.2 São Paulo Apr. 2011. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342011000200026&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em 17 nov. 2020.

7. VOTTO, G. G.; CARVALHO, H. C. W. de. Bem-estar psicológico e meditação: um estudo associativo. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, [S.L.], v. 10, n. 3, p. 60-75, 24 dez. 2019. Universidade Estadual de Londrina. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1050461>. Acesso em: 09 nov. 2020.


Palavras-chave


Meditação, ansiedade, terapias complementares, profissionais de saúde.