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ISOLAMENTO EM IDOSOS COMO DETERMINANTE SOCIAL NA PANDEMIA DA COVID-19, O QUE A LITERATURA TEM EVIDENCIADO?
Joyce Kelly Silva

Última alteração: 2021-07-10

Resumo


Introdução: A infecção pelo vírus SARS-CoV-2 provoca a Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), os principais sintomas é a febre, fadiga e tosse seca, podendo se desenvolver para dispneia ou para Síndrome Respiratória Aguda Grave, em casos mais graves.  A infecção por COVID-19 se expandiu rapidamente, posteriormente, pacientes infectados foram notificados em outros países, principalmente na Europa, Estados Unidos, Canadá e no Brasil. No Brasil, diferentes medidas têm sido adotadas para tentar conter o aumento do número de infecções por SARS-CoV-21. Através da pandemia causada pela COVID-19, foram implementadas estratégias de distanciamento social tendo como objetivo a limitação da propagação do vírus, essas estratégias não se restringiram aos pacientes infectados, mas, para a toda população visando reduzir a taxa de transmissão2. O distanciamento físico deve ser implementado aos idosos, ao invés do distanciamento social3, esses termos não devem ser confundidos, de modo que, distanciamento social não é solidão. É importante ressaltar o impacto que o isolamento social perpetua nos idosos, considerar alterações na nova rotina, sentimentos presentes como o luto e a dependência de membros familiares para realizar tarefas, principalmente as que necessitam descumprir o isolamento social, assim como, a saúde mental devido ao rigoroso isolamento entre idosos4. Todos esses aspectos contribuem para a redução de qualidade de vida desse público supracitado. O impacto do isolamento social pode ser ampliado naqueles com alguma doença mental, advindas da solidão e isolamento social antes da quarentena1. Por esse motivo, não se pode esquecer que a população idosa e principalmente os portadores de doenças crônicas, visto que, os mesmos têm maior vulnerabilidade para infecção do vírus. Objetivos: Identificar na literatura científica o que tem sido descrito sobre o isolamento social em idosos na pandemia da COVID-19. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada em maio de 2021. Adotou-se a seguinte questão norteadora: “O que a literatura evidencia sobre o isolamento social em idosos na pandemia da COVID-19?’’ O levantamento bibliográfico foi realizado utilizando como bases estratégicas:  PUBMED, SCIENCE DIRECT, MEDLINE, LILACS e o portal BVS.  Os critérios de inclusão contemplaram textos publicados no período de 2019 a 2021, disponíveis nos idiomas português e inglês; publicação nacional e internacional na forma do artigo científico; e que abordasse a relação do isolamento social em idosos na pandemia da COVID-19. Foram excluídos estudos secundários (revisão narrativa, integrativa e sistemática), literatura cinzenta e artigos que não condissessem com a temática escolhida. Os principais descritores foram retirados do Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), posteriormente, adotados na estratégia de busca: “Assistência a Idosos”, “Isolamento Social” e “COVID-19” com a combinação do conector BOOLEANO “AND”. Identificaram-se 449 artigos, os mesmos foram exportados para o software Parsifal, que tem como objetivo facilitar a avaliação de qualidade dos artigos. Foram excluídos na análise 12 duplicatas, 70 revisões de literatura e 358 artigos que não respondiam à questão de pesquisa. Os resultados foram apresentados por meio da construção de um instrumento adaptado inserindo os principais pontos em planilhas eletrônicas para tabulação de dados, com o objetivo de analisar as características das pesquisas. Avaliou-se a heterogeneidade dos artigos e posteriormente foram incluídos dez artigos. Desenvolvimento: Em razão do isolamento social através da pandemia por COVID-19, foram identificados, achados clínicos que evidenciam risco para a saúde da população idosa. Averiguou-se, que o isolamento social durante a pandemia foi associado a um declínio na função cognitiva entre adultos mais velhos5, em virtude desse fato é preciso conter os efeitos negativos do distanciamento social entre os idosos, antes que este se torne um problema crônico6. Evidenciou-se, aumento significativo em solidão, ansiedade e insônia, após o início do surto da COVID-19. Por outro lado, ser mulher, morar sozinha e possuir condições crônicas foram independentemente associadas com aumento da solidão, dessa maneira, as mulheres eram mais prováveis a ter maior ansiedade e insônia7. Em um estudo descritivo, foi identificado que o sentimento de isolamento de amigos e familiares esteve relacionado à tristeza e depressão na população idosa, inclusive, o sentimento frequente de solidão pelo distanciamento dos amigos e familiares na pandemia foi relatado por metade dos idosos, sendo que este sentimento é mais frequente na população idosa feminina8. Acrescenta-se, que ao investigar associações entre o isolamento social e a solidão com sintomas depressivos na população idosa alemã durante o primeiro bloqueio por COVID-19, observou-se que estar sozinho, mas não isolado e estar isolado e solitário, foram associados a maiores sintomas depressivos. Por outro lado, foi observado que as mulheres eram frequentemente isoladas socialmente ou mais solitárias do que os homens9. Ressalta-se, que diante da pandemia vigente, se torna necessário a adaptação de intervenções para prevenir graves complicações oriundas do isolamento social. Ações realizadas para triagem, devem visar uma abordagem mais qualitativa e centrada na pessoa considerando as perspectivas do público supracitado, especialmente sua experiência subjetiva, sensação de isolamento e solidão. Este objetivo pode ser alcançado através do uso de conversas, além de ferramentas padronizadas de medição variáveis objetivas, como a conexão social10. Ao descrever a natureza da solidão e isolamento social entre os mais velhos, além de, seu efeito sobre a saúde e maneiras de lidar com a solidão e o isolamento social durante a pandemia da COVID-19, foi identificado, dicas para prevenir o efeito prejudicial de solidão e isolamento social. Entre elas, destacam-se a manutenção das conexões, manutenção das necessidades básicas e atividades saudáveis, gerenciamento de emoções e sintomas psiquiátricos2. Pontua-se, que soluções híbridas, acoplando estratégias online e offline, são inestimáveis para garantir a inclusão de populações vulneráveis3. A tecnologia móvel, como aplicativos (apps) podem fornecer uma ferramenta valiosa para ajudar as famílias a permanecerem conectadas, além de, ajudar os idosos a manter a mobilidade e o vínculo a recursos que estimulem o bem-estar físico e mental. Foi observado, que os aplicativos podem ajudar a diminuir a solidão, manter e /ou melhorar a saúde e independência dos idosos durante a pandemia da COVID-19. Os aplicativos envolvem perspectivas indispensáveis como: redes sociais; comida e bebida; telemedicina; aplicativos relacionados a medicamentos; saúde e condicionamento físico; assim como, apps para deficiência visual e auditiva. Embora os aplicativos não possam substituir todos os atendimentos presenciais, eles podem complementar ou substituir algum cuidado11. Porém, alguns idosos não possuem acesso à internet, este marco dificulta a inserção do idoso em meios digitais que poderiam contribuir para o declínio da ansiedade e solidão.  Salienta-se, que dependendo do grau de isolamento diferentes métodos podem ser empregados para reduzir complicações futuras, como a estratégias para isolamento denominadas “suaves” que se direcionam à apoio, orientação e dinâmica. Por outro lado, se as estratégias suaves não são suficientes, serão implementadas estratégias “duras” caracterizadas por ações intervencionistas que levantam questões éticas mais sérias12. O isolamento social se torna uma medida de saúde pública direcionada à pandêmica COVID-19, que tem como finalidade à precaução à saúde, com o intuito de preservação e proteção, porém, é importante ressaltar que a autonomia e a independência do idoso se tornam alicerces primordiais para o envelhecimento saudável4. Com a introdução da pandemia, a liberdade e o direito à saúde dos idosos foram violados, esse fato é inaceitável, os idosos precisam ser acolhidos e submetidos a uma assistência adequada, com olhar holístico. É necessário intervenções específicas e individualizadas para a população idosa que vive em isolamento social, que possam promover, prevenir e acompanhar adequadamente a garantia do direito à saúde. Idosos com demência e deficiência cognitiva se tornam mais vulneráveis ao isolamento social, pois, em algumas situações não são capazes de entender a condição atual e/ou muitas das vezes não podem utilizar meios digitais para contato12. Quando se trata de idosos com patologias pré-existentes as condições atuais como a pandemia, isolamento social e a COVID-19 elevam o agravamento do estado clínico desses indivíduos, ocasionando complicações muita das vezes irreversíveis. A pandemia por COVID-19 ocasionou evidências de alto impacto na saúde, renda e cuidados prestados aos idosos brasileiros. Verificou-se declínio de renda entre os idosos de nível socioeconômico inferior durante a pandemia, além de, complicações em sua saúde e bem-estar8.  Diante o exposto, podemos observar que o isolamento social proveniente da pandemia vigente, resulta em adversidades que interferem na saúde física e mental dos idosos, transformando-os em uma população doente e solitária. A alta incidência de complicações de saúde provocada na população idosa feminina deve ser investigada e superada, a fim, de reduzir a desigualdade de gênero nesta população. Considerações: Observa-se que desde o início da pandemia por COVID-19 a rotina de toda a população foi modificada, principalmente o dia-dia da população idosa, que foi transformada em uma rotina repleta de privações e impasses. O isolamento social afeta condições socioeconômicas, sociais, assim como, o estado clínico de saúde provocando problemas psíquicos que debilitam ainda mais o bem-estar dos idosos, tais como, sentimento de angústia, solidão, ansiedade, depressão e insônia.  Mediante o exposto, é importante a presença familiar para que esses indivíduos não se sintam sozinhos, desse modo, se torna fundamental a capacitação desses parentes da forma correta, através do apoio dos profissionais de saúde sobre as medidas de promoção e prevenção, diminuindo os riscos de infecção, assim como, a disseminação de partículas infectadas. A presença da família pode ocorrer de forma remota, quando possível estimulando uma rotina regular e saudável com alimentação balanceada e atividade física, assim como, pode estimular a manutenção dos laços sociais. Cabendo ainda, a necessidade da implementação de novas estratégias que utilizem a Telesaúde na atenção ao individuo idoso.


Palavras-chave


Assistência a Idosos; Isolamento Social; COVID-19