Última alteração: 2021-07-09
Resumo
Introdução: Lidar com os desafios humanos referentes ao adoecimento não se configura como proposta fácil por vários fatores. Um deles é a própria formação em saúde que carece de mais diálogo e conhecimento sobre o tema em questão. Mesmo assim, há caminhos de cuidado que são pertinentes para a assistência em saúde. A espiritualidade, nesse cenário, mostra-se como um recurso necessário para a vivência do adoecer. Essa busca pela essência consiste na conexão entre a existência humana e o transcendente, que ultrapassa saberes científicos tangíveis e pode ou não incluir uma prática religiosa. Evidências mostram que tal busca constante, além de tantos outros efeitos, aumenta o otimismo, promove maior apoio social aos enfermos e forma personalidade, o que influencia diretamente em determinadas condutas tomadas pelos indivíduos. Dessa forma, é preciso que os profissionais da saúde possam vislumbrar tal condição humana para poder compreender os impactos e as possibilidades que a espiritualidade pode trazer na experiência de estar doente. Objetivos: Nesse sentido, o estudo em questão teve como objetivo refletir acerca da espiritualidade como movimento necessário para o campo da saúde em cenário da COVID-19. Descrição Metodológica: Foi realizado acompanhamento de familiares que tiveram familiares de até segundo grau internadas por COVID-19 entre os meses de fevereiro a abril de 2021. O acolhimento ocorreu por meio de conversas em um aplicativo de mensagens instantâneas e de ligações telefônicas, tendo em vista que foi o método mais seguro de contato diante do cenário da pandemia. Resultados/Desafios: Foi possível perceber o quanto ainda há despreparo para lidar e reconhecer a espiritualidade do paciente diante do processo de adoecimento, sendo destacado, nos relatos colhidos, uma escassez no registro do prontuário e na coleta de dados pessoais sobre a história espiritual e possíveis implicações de intervenções terapêuticas. Para além de validar essa condição humana, é preciso conhecer os sentidos fornecidos pelo paciente acerca da sua vivência espiritual, uma vez que os conjunto de crenças e práticas de cunho espirituais e/ou religiosos têm impacto relevante no tipo de cuidado durante o curso da hospitalização. Assim, será possível amparar suas dores e permitir que esse movimento existencial dê significado à relação entre profissionais de saúde, pacientes e familiares, criando práticas acolhedoras no adoecimento e estabelecendo vínculos pautados nos princípios éticos. Diante dessa perspectiva, o cuidado na saúde, para ser estabelecido de forma integral, deve incluir os aspectos da espiritualidade no processo saúde-doença e, sobretudo, ser inserido de forma contínua ao longo da formação profissional e humanística. Esse modelo de cuidado busca descontruir o modelo biomecânico ainda presente na realidade médica.