Última alteração: 2021-07-08
Resumo
Introdução: Em contextos de crise, como na atual pandemia, reações emocionais, perdas e incertezas expõem a população a fatores de estresse prejudiciais para sua saúde mental como ansiedade, pânico, depressão, fobias e uso aumentado de substâncias.1 Ao passo que vulnerabilidade emocional e medidas de isolamento potencializam esse sentimento, práticas religiosas e espirituais surgem como estratégia de promoção ao bem-estar, otimismo, senso de propósito e satisfação de vida. Objetivos: Analisar a relação entre práticas de espiritualidade e saúde mental durante o isolamento social na pandemia. Metodologia: Revisão integrativa da literatura nas bases de dados PubMed, Lilacs e Scientific Direct, por meio dos descritores “Espiritualidade”, “Saúde Mental” e “COVID-19”, abrangendo artigos de 2020 a 2021. Os critérios de inclusão foram a gratuidade, origem no continente americano (pela proximidade com a realidade brasileira), publicações em língua inglesa, espanhola, e portuguesa; os de exclusão, por sua vez, compreendem artigos com título não relacionado ao tema e artigos repetidos. Encontrou-se 75 artigos que, avaliados conforme estes critérios, resultaram em 15. Após leitura e análise foram selecionados 3 artigos. Desenvolvimento: Quando consideramos diversas conceituações de saúde, invariavelmente ponderamos aspectos físicos, sociais, e mentais; assim, interpreta-se a própria definição de espiritualidade. Nesse sentido, pode-se classificá-la como inerente à humanidade, manifestando-se de várias formas, na relação consigo e com o outro, nas crenças e no ressignificar a vida. Da mesma forma, diferimos espiritualidade de religiosidade, sendo que esta se refere mais diretamente ao sentido de vida e morte, o que inclina o indivíduo a aceitar e promover valores, crenças e rituais que vão ao encontro dessa dualidade 2. A saúde mental surge, então, acompanhada da espiritualidade, à medida que os indivíduos compreendem e reordenam suas concepções de saúde e doença ao passo em que vivenciam propriamente a amplitude existente entre estar são e adoecer - ou, ainda, a impossibilidade de experienciar ambas separadamente. Em um cenário de pandemia, agudizam-se as questões de saúde pública e as indagações individuais, momento no qual testemunha-se - uma vez mais - a importância da espiritualidade. Evidencia-se, inclusive, estudos em diferentes comunidades que demonstram que a prática espiritual possui bons resultados como estratégia de cuidado e resiliência no contexto atual, com implicações na qualidade de vida 3. Mesmo não podendo ser realizados presencialmente e em grupo, nesse momento, rituais espirituais e de culto seguem sendo valiosos na estabilidade, consolo, apoio e no ressignificar. Estas práticas podem vir a ocorrer de diversas formas, seja em reza ou meditação, em oferenda ou promessa, mas o mecanismo o qual alivia tensões, indagações e preocupações é sempre presente na perspectiva dos praticantes. Considerações: A continuidade na oferta e disponibilidade de práticas espirituais durante políticas públicas de isolamento, como é o caso para a contenção da infecção pelo SARS-CoV-2, é de fundamental importância, visto que desempenham papel crucial em crises de saúde pública. Portanto, é essencial que sejam desenvolvidas estratégias de promoção de atividades religiosas e espirituais, além da existência de profissionais da saúde adequadamente treinados para abordar as crenças dos pacientes. Dessa forma, alia-se espiritualidade e medicina em prol do bem-estar mental da população.